Uma residência histórica de Adamantina, onde residiu no século passado uma tradicional família japonesa do município, começou ser demolida na semana passada.
O imóvel fica na alameda Padre Nóbrega e pertence a família Endo. Ao fundo da casa é possível ver as torres de chaminé da antiga indústria que levava o nome da família e que também desperta interesse de historiadores. O local ainda está preservado.
Em 1952, a família hospedou na casa, por 10 dias, o imperador do Japão, príncipe Kouchio Outani, sua esposa, a princesa Satoko Outani, e comitiva durante sua visita ao Brasil, que teve como objetivo agradecer o governo brasileiro pela forma com que foram tratados os japoneses, durante a Segunda Guerra Mundial.
O fato é relatado no livro “Jubileu de Ouro de Adamantina” escrito por Cândido Jorge de Lima e que reúne este e outros fatos históricos da cidade.
A reportagem apurou que o morador da casa faleceu e que o imóvel foi vendido, por isso teve início o processo de demolição.
Por se tratar de uma casa histórica, o local poderia ser tombado pela Prefeitura de Adamantina para que a estrutura fosse mantida e preservada. Ela se enquadra nas Zonas Especiais de Interesse (ZEI), previstas no Plano Diretor de Adamantina.
No ano passado, a Secretaria de Cultura e Turismo projetou uma lei para permitir que sejam realizados tombamentos no município. O projeto foi aprovado pela Câmara Municipal e se tornou Lei Municipal em abril. Conforme o artigo 1º da Lei nº 3.651, de 24 de abril de 2015. “O Patrimônio Histórico e Cultural de Adamantina é formado pelos bens móveis, imóveis, naturais e construídos, materiais simbólicos, públicos ou privados, existentes no território do município de Adamantina, que pelo seu valor mereçam a proteção do Poder Público Municipal”, esclarece.
A reportagem entrou em contato com a secretária de Cultura e Turismo, Natália Bachi, que informou que não houve solicitação formal para que fosse iniciado o processo de tombamento no imóvel.
“Temos a lei que foi aprovada. Nela fica claro que qualquer cidadão pode solicitar o tombamento de qualquer bem histórico, e depois a análise será feita pelo conselho de cultura”, enfatizou.
De acordo com a secretária, o poder público também pode dar início ao processo, mas a participação da população é essencial. “Temos alguns pontos para iniciar, mas ainda não foi feito. O tombamento não é feito diretamente pela Cultura e sim pelo prefeito, mas para isso a proposta passa ainda pelo conselho e Câmara Municipal”, explicou.