Nesta quinta-feira (25), durante uma reunião realizada na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Presidente Prudente, o promotor de Justiça da Saúde, Mário Coimbra, informou que já foram confirmadas dez mortes por dengue na cidade neste ano de 2016. Segundo ele, o município enfrenta uma situação de “calamidade” em relação à doença e, por isso, é preciso “ampliar as investigações” quanto aos óbitos registrados.

“Os números que nós temos confirmados são oficiosos, pois o Laboratório Adolfo Lutz ainda não nos mandou confirmação. Até o momento, essas mortes foram confirmadas e informadas por médicos e autoridades públicas”, informou Coimbra.

Entre as vítimas, está um adolescente de 17 anos que teve o óbito confirmado nesta quarta-feira (24) e, segundo o documento médico, uma das causas foi a dengue. O promotor informou ainda que há suspeitas de que o rapaz também tenha sido infectado com o zika vírus e que, por isso, exames deverão ser realizados.

“A morte do menino de 17 anos é muito grave, pois a grande escusa dos gestores que se dá é de que o idoso que morreu por dengue é porque estava muito velho, então, qualquer gripe o mataria. Mas, agora com a morte desse adolescente, o que percebemos é que pessoas jovens também vão começar a falecer por conta dessa doença. Além de que, pode-se contrair outros tipos de doenças, como o paciente se tornar um cardiopata, por exemplo, ou então o vírus atacar o fígado, os rins e, assim, ter algum tipo de patologia em decorrência dessas doenças. O protocolo deve ampliar estas investigações, pois muitas mortes estão ocorrendo após a dengue e elas não estão sendo catalogadas como dengue”, explicou ao G1.

Fiscalização
Devido à grande quantidade de casos, uma fiscalização tem sido realizada pelo promotor nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), nos Prontos Atendimentos (PAs) e no Hospital Regional (HR). “Nós temos de tomar duas frentes, tanto para evitar as mortes e para fazer a Prefeitura se estruturar para atender os casos agudos. As UBSs, os Prontos Atendimentos devem estar preparados para isso. A maior deficiência dessas unidades está no setor de recursos humanos [RH], ou seja, tanto médicos, quanto os auxiliares de enfermagem”, pontuou.

Além disso, Coimbra ainda mencionou ao G1 sobre a situação do HR com a incidência de dengue na região. “O HR é considerado um caso altamente complexo, pois ele está inundado com pacientes com dengue, que deveriam estar no município, e isso está tirando o espaço de outras patologias na unidade. Acredito que nós deveremos ter outro hospital para atender a demanda da cidade. As demandas naturais já ensejam outro hospital, imagine agora, estamos em um caso de calamidade”, enfatizou.

Outra preocupação do Ministério Público Estadual (MPE) em relação à saúde, de acordo com o promotor, são patologias que podem aparecer em decorrência da dengue. “Sabemos que muitas pessoas que pegam dengue podem se tornar cardiopatas, então, se daqui seis meses esse paciente sofre do coração e morre, isso quer dizer que foi em decorrência da dengue, assim como o Guillain-Barré. Além de que, isso pode evitar os casos com chikungunya e zika vírus”, finalizou.

Adolescente vítima de dengue
Nesta quarta-feira (24), o adolescente Antônio Rodrigues de Campos, de 17 anos, morreu após ficar internado por uma semana no Hospital Regional (HR), em Presidente Prudente. De acordo com o laudo médico informado à família do jovem, entre as causas da morte está a dengue. A vítima era moradora da zona leste de Presidente Prudente.

O promotor ainda afirmou que há a possibilidade de a vítima ter sido infectada com o zika vírus. O sepultamento do jovem está previsto para as 14h45 desta quinta-feira (25) no Cemitério Municipal João Batista.

Reunião contra a dengue
Com o objetivo de conscientizar e mobilizar ainda mais a população sobre o combate ao mosquito Aedes aegypti, uma reunião foi realizada na manhã desta quinta-feira (25), na sede da OAB, em Presidente Prudente, e contou com a presença de autoridades da cidade e da região. Entre os presentes, estava o coordenador da Defesa Civil no Estado de São Paulo, coronel José Roberto Rodrigues de Oliveira, além de prefeitos e secretários do Oeste Paulista, do promotor de Justiça da Saúde, Mário Coimbra, do diretor do Departamento Regional de Saúde (DRS) do Estado, Jorge Yochinobu Chihara, e de membros da Vigilância Epidemiológica de Presidente Prudente.

“A população precisa entender que isso é uma preocupação, que estão morrendo pessoas e que isso pode ser evitado com atitudes tomadas dentro de suas próprias casas. As ações devem partir tanto do lado da população como do poder público. Estamos em uma verdadeira guerra que precisamos combater juntos”, afirmou o coordenador estadual da Defesa Civil.