Às vezes, acontecimentos que parecem seguir uma trilha tão positiva, começam a apresentar situações e intenções que contrariam tudo aquilo que, no começo, pareciam tão dignas. Um desses casos é a operação Lava-jato, tão festejada no início, mas que já está causando desconfiança.
Quem, em sã consciência, não aprova o extermínio da corrupção em seu país e a prisão dos corruptos? É claro que o maior desejo da humanidade é um mundo onde as pessoas pensem em fazer o bem umas as outras, em dar apoio aos mais fracos, em proteger o patrimônio coletivo, enfim, que seja o nosso mundo um lugar onde reine a fraternidade, no sentido mais nobre da palavra.
Por isso, quando a Polícia Federal começou a expor os problemas na Petrobrás, com as manobras que alguns políticos faziam com determinados empresários houve um contentamento geral. Previa-se que todos os corruptos e corruptores seriam desmascarados, o dinheiro desviado seria confiscado e as pessoas aprenderiam que a Justiça no país era imparcial e que, não havia intenção partidária nessas ações, apenas o cumprimento correto da Lei.
Passado algum tempo, não é isso que estamos presenciando. Começou a exposição do partido da situação de modo a tentar insinuar que todos os seus componentes partilharam de costumes ilegais e que estavam, agora, sendo investigados.
Porém, no afã de expor pessoas e legendas partidárias, começou-se a perceber que eram considerados crimes apenas ações de determinado partido. As mesmas ações, quando executados por outras agremiações, mesmo comprovadas passavam despercebidas. Iniciou-se a forte sensação de que está havendo uma perseguição atroz a alguns setores, o que é terrivelmente prejudicial ao regime democrático, que é a maior riqueza que um povo possa ter.
Ao prenderem alguns empresários, foi investigado a quem eles favoreceram no período eleitoral, custeando suas campanhas. Todos afirmaram que haviam favorecido o partido que ganhara as eleições e também os partidos dos que perderam. Começaram a promover prisões temporárias dos integrantes do partido que está no poder, mas não demonstraram o mínimo interesse em averiguar o que havia acontecido aos partidos perdedores.
Após algum tempo, percebe-se perfeitamente uma maneira de agir, nada ética ou republicana, desses indivíduos que se revestiram de autoridade e se dizem “justiceiros”, infelizmente na pior acepção da palavra. Ultimamente, está ocorrendo que quando esse grupo de investigadores tem alguma desconfiança de uma pessoa do Partido dos Trabalhadores ou de quem tem qualquer ligação com ele, ela passa a ser investigada. O mais grave é que sem nenhuma prova, apenas com indícios, esses bravos delegados e juízes que estão cuidando do caso, passam todas as suas desconfianças para a imprensa amiga que publica aos quatro ventos acusações sem nenhuma prova.
Quanto se tem combatido o costume de algumas pessoas de levantar difamações sem provas! É uma maneira sórdida de se desestruturar a reputação de uma pessoa. A condução coercitiva do ex-presidente Lula para depor e a invasão das casas de seus filhos, com registros pela TV amiga, foram atos lamentáveis que vêm colocar por terra todo o esforço da Lava-Jato de tentar parecer algo sério e não um simples golpe na democracia. Foi o exagero dos exageros.
“A condução coercitiva contra o ex-presidente Lula foi alvo de críticas de apoiadores do ex-presidente, de cientistas políticos, de juristas e do ministro do STF, Marco Aurélio Mello. Para o ministro, a medida foi desnecessária porque Lula não havia sido intimado a depor. “Só se conduz coercitivamente, ou como se dizia antigamente, debaixo de vara, o cidadão que resiste e não comparece para depor. E o Lula não foi intimado.” Publicou o Jornal Folha de São Paulo.
Quando o juiz Moro viu o resultado da besteira que tinha feito, declarou: “Repudia este julgador, sem prejuízo da liberdade de expressão e de manifestação política, atos de violência de qualquer natureza, origem e direcionamento, bem como a incitação à prática de violência, ofensas ou ameaças a quem quer que seja, a investigados, a partidos políticos, a instituições constituídas ou a qualquer pessoa”. Por acaso, o fato de se conduzir uma pessoa para prestar depoimento, sem ela antes ter sido intimada, e ainda acompanhada pelo aparato televisivo como se fosse um espetáculo de circo, isso não é violência?
O que surpreende, e a história confirma, é que atos como esse acontecem com quem se dispõe a melhorar a vida de populações pobres. Aconteceu com Gandhi na Índia, e com Mandela, na África Sul. Ambos foram presos e ficaram anos na prisão por terem lutado em defesa dos mais fracos. Isso ofende os ricos e os “sem noção” que se acham ricos, e se repete agora num Brasil, pelo que vemos, semelhante à África e à Índia de quase um século atrás.
O Brasil não lucrará nada com atitudes como essa. A espetacularização dos atos judiciais denigre não só a vítima, mas também a Justiça, que está sendo utilizada como arma por um juiz inconsequente, desejoso de estrelismo e não de fazer Justiça. O que se quer é um país limpo, sem vícios, sem parcialidades e não um espetáculo deprimente como o que foi oferecido ao povo.

Até quarta-feira
– Dracena-