O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quinta-feira (3), em discurso durante a transmissão de cargo para o sucessor, Wellington César Lima e Silva, que a presidente Dilma Rousseff é “intrinsecamente” honesta.
Ele fez a declaração ao relembrar que trabalhou como auxiliar de duas mulheres – Dilma e a ex-prefeita de São Paulo (1989-1992) e atual deputada Luiza Erundina, da qual foi secretário de Governo.
Ao falar das diferenças entre as duas, afirmou: “Embora tenham característica de vida distintas, as duas mulheres têm um ponto em comum: ambas foram, são e continuarão sendo durante suas vidas intrinsecamente honestas”.
Nesta quinta, a revista “IstoÉ” informou que o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), firmou com a Procuradoria Geral da República (PGR) um acordo de delação premiada no qual fez acusações ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à presidente Dilma Rousseff.
De acordo com a publicação, ele disse que Lula tinha conhecimento do esquema de corrupção naPetrobras e que Dilma agiu para interferir na Operação Lava Jato.
Segundo o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, Dilma reagiu com “indignação” às declarações de Delcídio na delação premiada.
“Haverá momentos que amigos dirão que você não faz aquilo que nunca deveria ter feito. Inimigos dirão que você está agindo mal, quando você está cumprindo a lei. E às vezes até pessoas que você julga sérias te retaliarão”, declarou José Eduardo Cardozo.
Mais cedo, o ministro tinha afirmado em entrevista que a delação de Delcídio pode ser “retaliação” ao governo.
Cardozo, que assumirá a Advocacia-Geral da União, afirmou que, como ministro da Justiça, nunca interferiu nas investigações da Polícia Federal.
“Em nenhum momento, o ministro do estado da Justiça recebeu indicação ou fez qualquer intervenção nas ações da Polícia Federal. Ela pôde investigar com autonomia. Meu papel se limitou exclusivamente a punir ou abrir procedimentos de investigação”, disse.
Assinado, mas não homologado
A TV Globo confirmou que o acordo de delação premiada de Delcídio foi assinado, mas que ainda não está homologado porque um dos pontos foi objeto de questionamento e ainda está sendo ajustado.
O advogado de Delcídio, Antonio Figueiredo Basto, disse que não fará comentários sobre a delação premiada de seu cliente, embora a revista tenha divulgado trechos das revelações feitas pelo parlamentar à PGR.
Caberá ao ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), decidir se vai homologar o acordo ou não.
Se não for homologado, o acordo perde a validade. A homologação é a validação de que se trata de um acordo que cumpriu todas as normas previstas em lei.
Juristas ouvidos pelo G1 informaram que, se a delação não for homologada, Delcídio não receberá benefícios, como a redução de pena. Mas tudo o que ele disse nos depoimentos, como as acusações a terceiros, indicações de provas, relatos de conversas, continuará valendo e será objeto de investigação e poderá ser considerado em julgamento.