O hábito de tomar banho diariamente é muito importante, não apenas para deixar um cheirinho bom, mas principalmente para manter a higiene corporal e consequentemente ficar livre de fungos e bactérias que causam doenças no organismo. Igualmente importante é realizar uma higiene íntima de maneira adequada para evitar corrimentos e infecções. Mas será que você está realizando de maneira correta?
Além de eliminar odores, fazer uma higiene íntima corretamente previne infecções e a proliferação de fungos, sobretudo nas mulheres, que têm anatomia genital mais recolhida.
A vagina possui uma proteção natural, promovida por uma população de bactérias do grupo Lactobacillus Casei, que juntos formam a chamada flora vaginal. Esses lactobacilos possuem a função de converter a lactose e outros açúcares simples presentes na região em ácido láctico.
“Com a ação desses lactobacilos o pH vaginal (medida do nível de acidez) na região fica ácido, impedindo que fungos e bactérias se proliferem, já que esses micro-organismos não conseguem sobreviver à acidez. Porém, os lactobacilos sozinhos não conseguem proteger totalmente a vagina, e por isso faz-se necessária uma boa higiene adicional”, explica a dra. Érica Mantelli ginecologista e obstetra pós-graduada em sexologia pela Universidade de São Paulo (USP).
A limpeza íntima deve se concentrar na região da vulva, sem ser direcionada para a vagina, isso porque em comparação aos pequenos lábios, essa região possui menor acúmulo de gordura, portanto não há necessidade de higienização mais intensa, já que a adiposidade presente é suficiente para manter a vagina umidificada e não favorece o acúmulo de sujeira.
Como a região possui pH menos ácido, ou seja, quanto mais ácido, maior o controle de bactérias e fungos, o nível de acidez pode ser comprometido pelos jatos de água e por sabonetes alcalinos, eliminando a proteção natural e facilitando a proliferação de micro-organismos nocivos. É recomendado que a higiene seja feita três vezes ao dia no máximo, de preferência com água, sabonete neutro e usando somente os dedos, pois eles oferecem maior mobilidade na hora da limpeza, o que é muito importante para lavar o clitóris e retirar todo o esmegma, um resíduo branco. Na vulva, os movimentos devem ser leves e circulares. Depois, com os dedos na horizontal, a limpeza deve ser estendida para o ânus, evitando para que não haja contato do material retal com o genital.
Confira regras para manter a higiene íntima sem erros
*Sabonete Íntimo – Os sabonetes íntimos não devem ser usados a toda hora, pois, acabam prejudicando a flora vaginal. Além disso, não devem ser aplicados diretamente na região íntima e devem ser usados em pequena quantidade, sendo assim recomendado misturar o produto com a água em que for se lavar.
*Duchas Vaginais – A pressão com que a água sai não deve ser apontada diretamente para a vagina, o ideal é utilizar um bidê ou bacia para se lavar, porém, se não for possível, a melhor opção é utilizar a ducha sem nunca apontar diretamente para a região íntima ou introduzir na vagina.
*Lenços Umedecidos – Os lenços devem apenas ser utilizados em casos de necessidade, quando está fora de casa, e por poucas vezes por dia, pois, quando usados em excesso podem provocar secura na vagina e irritações, eliminando a lubrificação natural local.
*Calcinha de Algodão – A roupa íntima composta por materiais sintéticos dificultam a transpiração da pele e aumentam o acúmulo de suor o que potencia o surgimento de doenças como candidíase ou infecções vaginais. A melhor opção é a calcinha de algodão que deve ser trocada diariamente, ou até algumas vezes por dia.
*Depilação – Depilar-se quase que totalmente ou passar lâmina de depilar mais de três vezes por semana também não é aconselhável, afinal, prejudica a saúde íntima. A depilação quase total favorece o crescimento de micro-organismos e causa maior corrimento vaginal, o que facilita o aparecimento de doenças. Além disso, a depilação com lâminas ou produtos para depilação destroem a camada protetora da pele e elimina a sua lubrificação natural.
(Fonte – Ginecologista e Obstetra dra. Érica Mantelli pós–graduada em sexologia pela Universidade de São Paulo).