Desde que entrou em vigor no Brasil, a partir das eleições majoritárias de 1998, a reeleição não ganhou a preferência da maioria dos eleitores da região de Presidente Prudente. Pelo menos é o que aponta levantamento feito por O Imparcial com base na série histórica iniciada a partir do mandato de 1996 a 2000 até o pleito de 2012. Em quatro períodos de análise – 1996/2000; 2000/2004; 2004/2008; e 2008/2012 – os eleitores das 54 cidades da região tiveram, ao todo, 216 oportunidades de eleger ou reeleger os chefes dos Executivos municipais. No entanto, a opção pela reeleição foi assinalada em apenas 73 delas, o equivalente a 33,7%. Nas outras 143 ocasiões, ou 66,2%, a vontade do eleitorado foi pela alternância do poder.

Instituída após a aprovação da Emenda Constitucional 16, de 4 de julho de 1997, a reeleição passou a valer no pleito nacional de 1998. Sendo assim, a primeira disputa com o direito à reeleição para os Executivos e Legislativos dos municípios foi realizada no ano de 2000. Logo neste primeiro pleito, 16 cidades da região optaram pela manutenção de seus prefeitos, o que significa 29,6% do total. Em contrapartida, 38 das 54 cidades, ou 70,3%, escolheram novos prefeitos.

Nas disputas eleitorais de 2004, 18 prefeitos eleitos no ano 2000 se reelegeram. Número que equivale a 33,3% do montante. Por consequência, em 66,6% das cidades, ou em 36 delas, houve substituição na cadeira do Executivo. Nas eleições de 2008, o número de reeleitos aumentou consideravelmente. Dos 36 eleitos pela primeira vez em 2004, 24 asseguraram o segundo mandato em 2008. Número que equivale a 44,4% do total. No mesmo pleito, 30 prefeitos foram eleitos, o que significa 55,5% do total.

No fechamento da série, que corresponde ao comparativo dos eleitos no ano de 2008 que concorreram novamente à vaga em 2012, apenas 15 conseguiram se preservar na função. Número que se refere a 27,7% da totalidade. Sendo assim, 39 novos prefeitos assumiram o cargo nas eleições de 2012. Ou seja, 72,2% das 54 vagas da região.

 

Reeleições consecutivas

Vale ressaltar que os números levantados por O Imparcial correspondem apenas às reeleições consecutivas, quando o candidato assume novamente o cargo logo após o término do primeiro mandato. Isso porque, existem prefeitos que não foram eleitos por dois mandatos seguidos, mas mesmo assim foram reeleitos em outras oportunidades.

Casos como o do ex-prefeito de Álvares Machado, Luiz Takashi Katsutani, que exerceu o mandato entre 1996 e 2000, deixou a Prefeitura no mandato seguinte e retornou em 2004. Cícero Paulino Sobrinho também passou pela mesma situação em Caiuá. O ex-prefeito comandou a cidade entre 2000 e 2004, descansou nos quatro anos seguintes e reassumiu a vaga em 2008. Conjuntura semelhante ocorreu com Agamenon Pereira da Silva, em Emilianópolis; Hely Valdo Batistela, em Taciba; e Osvaldo José Benetti, em Tupi Paulista.

O atual prefeito de Taciba, inclusive, ocupa a cadeira de chefe do Executivo da cidade pela terceira vez em quatro mandatos. Eleito no pleito de 2000, o tacibense foi reeleito em 2004, ficou longe da Prefeitura em 2008 e retornou ao cargo em 2012. Incoerentemente contrário à reeleição, o mandatário credita o alto índice de rejeição dos prefeitos à desconfiança popular. “Tem muita gente que não gosta de votar na mesma pessoa. Muitas vezes o prefeito teve um bom mandato, mas a tradição da população de não reeleger o deixa de fora”, comenta Hely Valdo Batistela (PP).

 

Falta gerência

Ao contrário dele, o prefeito de Regente Feijó e presidente da Unipontal (União dos Municípios do Pontal do Paranapanema), Marco Antonio Pereira da Rocha (PSDB), enxerga a rejeição como um “claro sinal de ingerência dos derrotados”. “Deixaram a desejar. Um prefeito diligente, que corre atrás, com dedicação, empenho, certamente vai deixar registrada uma marca de realizações e terá facilidade de se reeleger”, aponta.

A conclusão do prefeito regentense se assemelha à do sociólogo e educador Luiz Sobreiro Cabreira. Para ele, as estatísticas eleitorais nem sempre refletem a realidade, no entanto, é possível enxergar alguns indicativos nos índices. “Visivelmente, a estatística demonstra que em cada três, dois optaram pela renovação e um pela manutenção. Isso não significa que a gestão tenha sido ruim, mas é um indicativo que a população busca uma nova gestão. Logo, fica mais ou menos claro que há uma possibilidade de a gestão anterior ter sido falha”, analisa.

Além da capacidade ou incapacidade de governabilidade de cada preterido, o economista e sociólogo Wilson de Luces Fortes Machado aponta ainda a volatilidade do meio político, constantemente suscetível a mudanças. “O que contribuiu para isso são os arranjos do próprio município, as famosas coligações, as indicações de outros prefeitos e a formação de novos grupos políticos. Porém, no geral, está ligado também à qualidade da gestão de cada administrador”, examina.

 

REELEIÇÕES CONSECUTIVAS

Município

2000 a 2012

ADAMANTINA

Duas

ALFREDO MARCONDES

Duas

ÁLVARES MACHADO

Nenhuma

ANHUMAS

Duas

CAIABU

Uma

CAIUÁ

Uma

DRACENA

Uma

EMILIANÓPOLIS

Uma

ESTRELA DO NORTE

Uma

EUCLIDES DA CUNHA PAULISTA

Duas

FLORA RICA

Duas

FLÓRIDA PAULISTA

Duas

IEPÊ

Uma

INDIANA

Duas

INÚBIA PAULISTA

Uma

IRAPURU

Uma

JUNQUEIRÓPOLIS

Duas

LUCÉLIA

Duas

MARABÁ PAULISTA

Uma

MARIÁPOLIS

Duas

MARTINÓPOLIS

Uma

MIRANTE DO PARANAPANEMA

Uma

MONTE CASTELO

Duas

NANTES

Uma

NARANDIBA

Duas

NOVA GUATAPORANGA

Uma

OSVALDO CRUZ

Uma

OURO VERDE

Duas

PACAEMBU

Uma

PANORAMA

Uma

PAULICEIA

Uma

PIQUEROBI

Uma

PIRAPOZINHO

Uma

PRACINHA

Uma

PRESIDENTE BERNARDES

Nenhuma

PRESIDENTE EPITÁCIO

Duas

PRESIDENTE PRUDENTE

Duas

PRESIDENTE VENCESLAU

Nenhuma

QUATÁ

Uma

RANCHARIA

Uma

REGENTE FEIJÓ

Uma

RIBEIRAO DOS ÍNDIOS

Duas

ROSANA

Nenhuma

SAGRES

Duas

SALMOURÃO

Uma

SANDOVALINA

Duas

SANTA MERCEDES

Duas

SANTO ANASTÁCIO

Uma

SANTO EXPEDITO

Uma

SÃO JOÃO DO PAU D’ALHO

Duas

TACIBA

Uma

TARABAI

Duas

TEODORO SAMPAIO

Uma

TUPI PAULISTA

Uma

 216 oportunidades
 73 foram reeleições (33,7%)
 143 eleitos (66,2%)

 

Fonte: TSE (Tribunal Superior Eleitoral)