No ano passado, a falta de chuvas e a diminuição constante dos mananciais de água potável deram origem à maior crise hídrica já vivida pelos estados do Sudeste. São Paulo, conhecida como a “terra da garoa”, conviveu com uma seca prolongada que ocasionou até mesmo rodízio de água em bairros populosos da cidade. Agora que a estação das chuvas voltou, elevando os índices das principais represas da região, a população tem uma nova preocupação: as condições perfeitas para a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika. Para se ter uma ideia, apenas nas três primeiras semanas deste ano, uma quantidade de casos prováveis de dengue alcançou 73,8 mil notificações no país, o que representa um crescimento de 48% em relação ao mesmo período do ano passado.
O estado de Minas Gerais é que trouxe mais registros: 19,4 mil notificações, com um aumento de 553%. Em São Paulo, alguns municípios já registram números de epidemia (quando há mais de 300 casos por 100 mil habitantes), como Presidente Prudente e Ribeirão Preto. As doenças transmitidas pelo Aedes aegypti ganhou mais dramaticidade com o crescimento do zika vírus, que segundo pesquisas recentes, está ligado ao crescimento do número de casos de microcefalia em recém-nascidos, principalmente nos estados do Nordeste – o que trouxe grande apreensão para as mulheres grávidas.
A proliferação acelerada do mosquito vem causando mal estar até entre membros do governo federal, depois que o ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse que o Brasil estava “perdendo a guerra para o Aedes aegypti”. Para vencer essa guerra, poder público e população precisam estar devidamente ciente dos cuidados para evitar as condições propícias de nascedouro do mosquito, que é a água parada. Também deve-se incentivar a pesquisa para que tenhamos em breve uma vacina capaz de dirimir essa epidemia que vem assustando, não só o Brasil, como os demais países da América Latina.
*presidente do Conselho de Administração do CIEE, do Conselho Diretor do CIEE Nacional e da Academia Paulista de História (APH).