Esta semana surgiu uma notícia que deixou muita gente inquieta. Nos Estados Unidos, a Johnson foi condenada a pagar uma fortuna à família de uma senhora sob a acusação de que o talco produzido por ela provoca câncer nos ovários quando usado nas regiões íntimas.
Há quanto tempo se usa o talco Johnson para secar as dobrinhas dos bebês! Normalmente quando uma mulher fazia o enxoval para seu filho, a primeira coisa era comprar produtos de higiene e limpeza para seu pimpolho, sempre de uma marca confiável, já tradicional na família. Há quanto tempo esse produto integra a “cesta básica” do futuro bebê?
Agora uma mulher morre com câncer de ovário e os filhos culpam o talco que ela usava. Não há comprovação de nenhuma ligação do talco com a doença, mas o advogado e os filhos viram nesse processo uma forma de ganharem em bom dinheiro, pois a empresa é milionária e eles pensam no lucro que obterão se forem vitoriosos. Se perderem, nada acontece, mas se ganharem, não precisarão trabalhar por muitos anos.
Se o interesse deles fosse humanitário, apenas para que o mal não acontecesse para outras pessoas, poderiam pleitear uma punição à firma e o dinheiro doado a algum instituto de pesquisa ou coisa que o valha. Mas querer ter lucro com a morte da mãe é um absurdo. Quanto vale essa mãe para eles? Como pode ser medido esse amor em dólares?
É um absurdo esse tipo de indenização que muitos filhos pleiteiam. Seria plausível se fossem crianças e seu tutor exigisse na justiça um pagamento para o sustento desses órfãos e de sua formação profissional, uma vez que sendo crianças precisariam de uma fonte de renda para seu sustento. Acontece que os “herdeiros” são adultos e, por isso a quantificação do amor materno em dinheiro cheira à malandragem.
O interessante é a alegação de que um produto usado externamente, principalmente em bebês, possa provocar uma doença interna como o câncer de ovários num adulto. O advogado baseou-se num memorando de 1999, escrito por um consultor médico da empresa, dizendo que “quem negasse” a relação entre talco e câncer nos ovários seria visto publicamente da mesma forma que aqueles que refutaram o vínculo entre o tabaco e o câncer. Ora, a fumaça do tabaco entra no organismo, levando todas aquelas partículas nocivas. Já o talco é usado apenas na parte externa do corpo.
A J&J foi condenada a pagar US$ 10 milhões por danos pessoais e outros US$ 62 milhões como punição pela morte da paciente. É claro que a Johnson vai recorrer do absurdo da sentença. Mas o que fica para quem conheceu toda essa demanda é como muitas pessoas têm a falta de escrúpulos de, praticamente, querer lucrar pela morte de alguém.
A visão do lucro fácil, mesmo que seja à custa da morte da mãe, seduz muita gente sem disposição para o trabalho e sem a menor noção de ética. Quando morre um filho, o máximo que uma mãe deseja é que se faça justiça se a morte ocorreu em virtude de violência. Agora, o sujeito querer viver na bonança devido à morte da mãe é imperdoável.
É comum encontrar-se pessoas que exploram as mães, deixando-as à míngua de cuidados e dinheiro. Agora, tentar lucrar com a sua morte já extrapolou tudo que se conhece sobre malandragem e mau caráter. Mas, como é sabido, tem gente pra tudo.

Até quarta-feiratherezapitta@uol.com.br

-Dracena-