Verifique se há alguma semelhança com os fatos que ocorrem atualmente:
“O PIG (Partido da Imprensa Golpista), jornais e rádios à frente, trabalhavam intensamente para derrubar Vargas. Até a televisão, que acabara de nascer com a Tupi de Assis Chateaubriand, reproduzia a fúria dos jornais e das rádios. O PIG tinha sangue na boca. A Rádio Globo batia em Vargas e a audiência aumentava.
O PIG, o vice-presidente Café Filho e as Forças Armadas exigiam a renúncia de Getúlio. Nas primeiras horas do dia 24 de agosto, pouco depois da meia-noite, o presidente convocou os ministros para uma reunião no Palácio do Catete.
O encontro começou por volta das três horas da manhã, no primeiro andar. Os ministros militares defendiam o afastamento provisório de Vargas, até que se esclarecesse o atentado da rua Tonelero. Tancredo Neves, ministro da Justiça aos 44 anos, exortava Vargas a resistir. E o aconselhava a mandar prender os golpistas. Enquanto Tancredo falava, olhava firme para o ministro da guerra, Zenóbio da Costa, e exigia que os ministros militares apoiassem o presidente da República, em momentos de tensão e heroísmo.
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Após calorosas discussões e nenhum consenso entre os subordinados, Vargas encerrou o encontro por volta das cinco horas: “Já que o ministério não chegou a uma conclusão, eu vou decidir. Determino que os ministros militares mantenham a ordem pública. Se a ordem for mantida, entrarei com um pedido de licença. Em caso contrário, os revoltosos encontrarão aqui o meu cadáver”.
Naquele mesmo dia, a Secretaria de Imprensa da presidência divulgou nota sobre a decisão de Vargas, redigida por Tancredo. O vice-presidente Café Filho, aliado de Lacerda, aguardava o afastamento de Vargas para assumir a presidência e já começava a montar seu próprio ministério.
Pouco depois do anúncio do afastamento, Lacerda entrou no ar, na Rádio Globo, em edição extraordinária, direto do apartamento do vice-presidente Café Filho – a quem Lacerda já tratava de Presidente Café Filho – no Posto Seis, em Copacabana.
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Entre 8:20h e 8:25h daquela manhã de terça-feira, dia 24, Getúlio Vargas, 72 anos, esteve sozinho em seu quarto, com a porta entreaberta, no terceiro andar do Palácio do Catete. Deitado na cama, Vargas disparou contra o coração uma única bala do revólver Colt…… Ainda na manhã do dia 24, manifestantes puseram fogo em carros de O Globo e da Tribuna da Imprensa. Milhares de exemplares desses jornais foram queimados. As sedes da Rádio Globo e do Diário de Notícias também foram atacadas.
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Quando a caminhonete da Globo chegou e a equipe identificada, começaram os brados: “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”. (Texto extraído do livro “O Quarto Poder” de Paulo Henrique Amorim (2015)).
Um povo que não conhece sua história tende a repetir seus erros.
Até quarta-feira
-Dracena-