Dois dos quatro detidos há uma semana por suspeita de envolvimento em irregularidades na compra de merenda escolar, Emerson Girardi e Aluísio Girardi Cardoso, estão sendo ouvidos na tarde de hoje (5) pelo delegado titular da Delegacia Seccional de Bebedouro, José Eduardo Vasconcelos. Emerson era vendedor da Cooperativa Agrícola e Familiar em Bebedouro e Aluísio é apontado como lobista em órgãos públicos.
Ambos estão detidos em caráter temporário desde o último dia 29, na segunda fase da Operação Alba Branca, ao lado do atual presidente da União dos Vereadores de São Paulo (Uvesp), Sebastião Elias Misiara Mokdici, e do suposto lobista que intermediava contatos da cooperativa com agentes públicos Joaquim Geraldo Pereira da Silva.
De manhã, o delegado responsável pelo caso, José Eduardo Vasconcelos, informou à Agência Brasil que a prisão temporária vence quinta-feira (7) e, dependendo dos desdobramentos, poderia pedir a preventiva.
Vasconcelos disse que ontem (4) não foi tomado nenhum depoimento, mas ressaltou que nem por isso os levantamentos estão parados. “Estamos cruzando informações, checando dados”, limitou-se a dizer o delegado, já que o caso corre sob sigilo judicial. A Operação Alba Branca apura denúncias de fraude nas licitações para compra da merenda escolar em pelo menos 20 cidades paulistas.
A advogada do presidente da Uvesp, Claudia Seixas, disse que seu cliente ainda vai depor e que, por enquanto, apenas acompanha o andamento do caso. A Agência Brasil tentou contato com os advogados dos demais implicados, mas até o fechamento desta reportagem não obteve retorno. João Borges da Silva Júnior, que defende Emerson Girardi e Aluísio Giardi Cardoso, não pôde atender porque estava acompanhando o interrogatório dos dois clientes.
O principal implicado nas suspeitas de fraudes, Marcel Ferreira Júlio, que estava foragido desde a primeira fase da operação e se apresentou à polícia de Bebedouro quinta-feira passada (31), conseguiu a revogação da prisão. O pai de Marcel, o ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo Leonel Julio, também teve a prisão revogada. Pela justificativa do delegado Vasconcelos, o Ministério Público Estadual concordou que ambos fossem libertados por “estarem colaborando para esclarecer os fatos sob investigação”.
Os indícios de práticas ilegais nas licitações centralizadas na Cooperativa de Agricultura Orgânica Familiaro (Coaf) de Bebedouro foram detectados em operações que envolvem prefeituras de 20 municípios: Americana, Araras, Assis, Bauru, Caieiras, Campinas, Colômbia, Cotia, Mairinque, Mairiporã, Mogi das Cruzes, Novaes, Paraíso, Paulínia, Pitangueiras, Ribeirão Pires, São Bernardo do Campo, Santa Rosa de Viterbo, Santos e Valinhos.
Dados do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, de Ribeirão Preto, indicam que entre 2013 e 2015, os contratos somaram R$ 7 milhões, dos quais R$ 700 mil referem-se ao pagamento de propina e comissões ilícitas.