Representantes do projeto ‘Anjos sem Asas’, de Dracena, entraram em contato com a redação do Jornal Regional esta semana criticando algumas atitudes que segundo eles, vêm sendo tomadas no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ).
Para a voluntária do projeto, Taísa Tsuboi, o CCZ seria um local para animais doentes, mas como Dracena não possui abrigo, muitos animais abandonados nas ruas pelos próprios donos acabam sendo levados para o Centro para adoção, caso não seja constatada nenhuma doença. No entanto, ela afirmou que esteve no CCZ na semana passada e constatou animais em baias sem alimentação e água, e o acúmulo de também fezes e urina. “Encontramos uma situação totalmente precária. Animais sem água e fica aqui a nossa indignação. A quem cabe esta responsabilidade? Que órgão deveria fazer a fiscalização? Cadê o direito dos animais?”, desabafou Taísa.
Outro problema citado é que nos últimos dias as voluntárias do projeto se envolveram em desentendimentos por estarem presenciando animais que estão em situação difícil. “Numa de nossas visitas fomos surpreendidos por uma situação em que o animal assistido pelo projeto já algum tempo, foi levado pelo CCZ onde foi feito o exame de Leishmaniose Visceral Canina (LVC) e o resultado foi positivo. Como o dono não tinha condições de realizar a contraprova, ele deixou que a equipe do Centro levasse o cão. Porém, nós lutamos para conseguir a contraprova – pois somente com autorização do promotor de justiça poderia ser realizada – corremos e conseguimos. No entanto, foi tarde demais. O cão já havia sido eutanasiado”, explicou.
A voluntária afirmou ainda que outro animal assistido pelo projeto teve exame positivo para leishmaniose. No entanto, elas fizeram a contraprova e após dez dias, para surpresa delas, o resultado foi negativo. “Sendo que funcionários e o diretor do CCZ, que também faz parte da ONG Arca de Noé alegaram que são feitos três exames e todos deram positivos”. O animal acabou sendo posteriormente doado.
Para as voluntárias, por Dracena possuir uma ONG que se dedica as causas dos animais e recebe verba para tal, a cidade deveria possuir um abrigo específico, com médicos veterinários e assistência para os animais abandonados.
OUTRO LADO – A reportagem entrou em contato na manhã de ontem, 31, com o médico veterinário e diretor do CCZ, Ivan Borges, para verificar todas essas situações citadas.
No primeiro caso, Ivan conta que todas as baias são lavadas às 7h, às 12h e no final da tarde, onde também é colocado ração e somente a água é à vontade. “A ração não é deixada à vontade porque dá diarreia. Mas garanto que a água é sim colocada a todo o momento”, disse.
Ivan ressaltou que o próprio CCZ recolhe animais abandonados na rua, assim como também a Polícia Militar e equipe de bombeiros. Em seguida, esses animais passam pelo inquérito canino, com coleta de sangue através da prova rápida. “Caso o exame apresente positivo, é encaminhado para o Adolfo Lutz, para mais dois exames de contraprovas. Se novamente forem positivos o animal será sacrificado, caso contrário é deixado para adoção”, ressaltou o diretor do CCZ.
Ele pontuou ainda que os animais são separados por baia, assim como os doentes dos sadios e aqueles que estão em situação judicial.
Em relação ao teste, Ivan contou que é normal um exame apresentar resultado positivo e numa contraprova dar negativo. “Todo proprietário tem o direito de fazer o teste de contraprova”.
O CCZ possui atualmente aproximadamente 15 cães para adoção e 10 gatos, todos sadios.
Assim que a reportagem do JR concluiu a entrevista com o diretor do Centro, foi ao CCZ para comprovar a situação da água e ração, conforme os relatos apontados pelas voluntárias. Às 11h foi constatado que as baias possuem quantidade suficiente de água e ração. No entanto, foi verificada certa quantidade de fezes, e em algumas delas foi possível observar que algum cão estava com diarreia.
Outro fato que chamou a atenção foi que alguns cães aparentam estar bem magros. Além disso, as baias estão enferrujadas. O mato também precisa ser aparado.
Segundo Ivan, o local foi roçado pela última vez há seis meses. Mas ele já havia solicitado o serviço na quarta-feira, 30, a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, que afirmou que dentro de duas semanas o trabalho ocorreria.
PROJETO – O projeto Anjos sem Asas foi criado em setembro de 2015 por um conjunto de amigas com os mesmos objetivos, ajudar animais carentes e abandonados de Dracena.
Visando o bem-estar dos animais, as voluntárias arrecadam dinheiros através da venda de bombons e brechó para arcar com os custos de rações e medicamentos, e em alguns casos ajuda veterinária, com participação de profissionais que fazem descontos no atendimento e tratamento dos animais.
Muitas vezes as voluntárias recolhem animais abandonados, os abrigam em suas residências para posterior doação.
As voluntárias que trabalham neste projeto são: Juliana Gregório, Taísa Tsuboi, Adriely Peres, Ana Paula Sartorelo, Sara Ortis e Joyce Elen Rodrigues.