Dentro de um processo de desenvolvimento econômico de longo prazo, o setor industrial jamais pode ser considerado coadjuvante na tentativa de propulsão econômica, uma vez que desempenha papel fundamental na geração de empregos, no aumento de produtividade além da significativa contribuição pecuniária ao erário público por intermédio de impostos.
Na contramão deste pensamento, é possível perceber que diante da mais nefasta crise nacional, o que se abstrai do cenário político-econômico é uma omissão generalizada.
Não se vislumbra nenhuma medida de curto ou longo prazo visando fomentar o crescimento interno como, por exemplo, medidas de incentivo fiscal, capazes de alavancar a indústria nacional.
Enquanto o caro leitor degusta o prelúdio deste artigo se perguntando aonde este texto chegará, se faz imperioso citar a teoria do silogismo, proposta por Aristóteles a qual tem por finalidade atingir uma argumentação lógica perfeita, constituída por três preposições, onde as duas primeiras são denominadas premissas e invariavelmente formam uma terceira, que, como decorre de um resultado consequente, é chamada de conclusão.
Pois bem, dentro do silogismo lógico proposto por Aristóteles há mais de 3.300 anos atrás, eu provoco o caro leitor a pensar junto comigo. Se partirmos da primeira premissa que não vislumbra a possibilidade de desenvolvimento econômico sem a participação ativa da indústria e, somarmos a esta ideia o fato proposto na segunda premissa de que em tempos de crise não há nenhuma medida governamental capaz de fomentar o crescimento industrial, a que conclusão chegamos?
A minha conclusão é a de que o crescimento e o desenvolvimento econômico estão inviabilizados, atualmente, se dependentes de medidas governamentais. Ora, se a indústria nacional não se fortalece e não cresce dentro de perspectiva razoáveis, o desenvolvimento interno fica, por consequência, prejudicado.
Contudo, como a ideia deste artigo é trazer soluções ao industrial nacional e não, apenas, se solidarizar com o momento ruim vivido por este, é imprescindível trazer à tona a informação de que há um denominador comum no pensamento dos grandes empresários do mundo, em especial, os grandes empresários brasileiros como medida indispensável para o crescimento do próprio negócio e, por consequência, crescimento do país como um todo: “Inovação Tecnológica”.
No campo da inovação tecnológica, o caminho a ser percorrido pelo Brasil ainda é muito longo para que se atinja competitividade a níveis internacionais. Além disto, os investimentos nesta área ainda são privilégios de grandes empresas.
A velha máxima de que “enquanto alguns choram, outros ganham dinheiro vendendo lenços” é plenamente aplicável nesta situação. Perceba leitor, que pelo fato do Brasil ser um grande seleiro para investimentos na área de inovação e capacitação tecnológica, mercados estrangeiros já se deram conta disto e atualmente existem inúmeras empresas estrangeiras trazendo o aporte necessário para que este salto tecnológico ocorra, uma vez que quem o deveria fazê-lo permanece inerte.
Empresas tradicionais que se sucedem de pai para filho tendem a manter certa resistência quando o assunto em pauta é justamente a questão de investimento tecnológico. Contudo, o investimento maciço neste quesito pode justamente ser o diferencial na sobrevivência da empresa.
Ainda em referência ao prelúdio deste artigo, caminhar para o abismo aguardando que medidas governamentais surjam para que a indústria nacional sobreviva é assumir uma pequena parcela de culpa pela crise instaurada no Brasil.
Compete ao empresário ter a visão apurada do próprio negócio, a noção de potencial de investimento tecnológico de acordo com a necessidade de sua empresa, para que, em épocas de buscas por heróis homéricos, o empresário possa ser o herói do seu próprio negócio.
*Integrante do Task Force de Indústria do escritório A. Augusto Grellert Advogados.