Boa parte dos problemas vividos na política brasileira é fruto da relação entre o financiamento de campanha, com recursos da iniciativa privada, e os representantes eleitos pelo voto popular. A nociva interferência do poder econômico de grandes corporações acabava distorcendo o processo eleitoral.
Para estas eleições de outubro, o financiamento vindo de pessoa jurídica está vetado. Apenas pessoas físicas, com limite de doação conforme seu rendimento anual, poderão colaborar financeiramente com campanhas eleitorais. Espero que a eleição deste ano não seja apenas um laboratório e que, depois, tudo volte como anteriormente, em 2018. O fim do financiamento com recursos de empresas é fundamental e deve ser reforçado e consolidado posteriormente.
Com menos dinheiro, o período de campanha oficial também será menor, de três meses para 45 dias. Isto é reflexo do fato de que a grande maioria dos eleitores escolhe o seu candidato na reta final das eleições. Agem assim não porque eles sejam inconscientes, ou sejam desavisados ou exerçam sua cidadania de modo desleixado. Nós temos um processo de disputa eleitoral desde 1982 com regularidade, de dois em dois anos, então o eleitor se acostumou com o processo eleitoral e sabe que ele pode decidir na reta final. Portanto, campanhas tão longas e caras não fazem mais sentido.
Claro que, mesmo com a alteração no financiamento eleitoral, uma reforma política mais profunda se faz necessária para que o Brasil repense suas instituições e se reorganize para esse novo momento que, sem dúvida, virá após essa turbulência pela qual o país está passando no momento.
De qualquer modo, a eleição de outubro próximo será decisiva para que a gente teste e, na verdade, consolide um novo modelo de financiamento eleitoral, no qual a interferência do poder econômico seja menor na hora do voto.
*Vereador (PT) e presidente da Câmara Municipal de São Paulo.