O governo brasileiro agiu corretamente ao prender dez suspeitos de terrorismo na Operação Hashtag, informou hoje (22) o jornalista Roberto Godoy, do jornal O Estado de São Paulo.Especializado em assuntos de defesa, Godoy disse que, com a abertura da Olimpíada no Rio de Janeiro, marcada para 5 de agosto, a tolerância contra possíveis riscos tem de ser zero.

“Não dá para relativizar nada num momento como esse. O perfil desse pessoal está na fase de simpatizante entusiasmado, mas, ainda assim, não tem espaço para achismo”, argumentou.

Os suspeitos estão na penitenciária federal de segurança máxima de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. Eles foram presos ontem (21) em dez estados diferentes e deverão responder pelos crimes de promoção de organização terrorista e realização de atos preparatórios de terrorismo, ambos previstos na Lei Antiterrorismo.

O especialista discordou do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que classificou os acusados como amadores. “Não são amadores. Não é uma modalidade esportiva. Todos os terroristas um dia não foram terroristas. Tudo isso é muito relativo. A simples intenção, num momento como esse, vale. A medida não foi exagerada”, acrescentou.

Inteligência

Roberto Godoy disse acreditar que a maior fragilidade do país sobre segurança está na área de inteligência. “Principalmente porque é uma coisa cultural do Brasil. Nunca tivemos intolerância. A coleta de dados e informações a respeito de terrorismo nunca foi uma prioridade, mas houve um esforço enorme”, afirmou.

De acordo com o jornalista, um grande atentado, como o de 11 de setembro, em Nova York, demanda pelo menos dois anos de preparação dos terroristas. Os suspeitos brasileiros vinham sendo monitorados desde abril nos aplicativos de comunicação WhatsApp e Telegram, onde combinaram treinamentos de tiro e estudo de artes maciais, além da compra de um fuzil, segundo o ministro da Justiça.

Godoy esclareceu que, quando há associação entre os acusados, o rastreamento se torna mais fácil, diferente de ações isoladas. “É impossível rastrear um sujeito que decide sozinho. No caso de Nice, na França, ele não estava tão isolado assim. Havia outros colaboradores, mas, ainda sim, foi uma ação isolada”, concluiu.