A Polícia Civil desarticulou, nesta sexta-feira (5), uma quadrilha que traficava drogas para o exterior, com a ajuda de dois funcionários de uma companhia aérea que trabalhavam no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Com o bando, foram apreendidos aproximadamente 35 quilos de cocaína que seriam despachados para a África do Sul.

O secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, parabenizou, na manhã desta segunda-feira (8), as equipes do Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas (Decade) responsáveis pelas investigações e prisões.  

“Uma operação de inteligência do Decade que significou o desbaratamento de uma quadrilha que estava mandando entorpecente para o exterior. A minha presença e do delegado-geral [Youssef Abou Chahin] é para parabenizar os policiais envolvidos”, disse Mágino, explicando que as investigações duraram dois meses.

Os funcionários presos trabalhavam no terminal 3 do aeroporto. Quando foram presos, estavam no 2 para tirar as malas de drogas do fluxo normal. “Eram bagagens que não passavam por nenhum tipo de fiscalização, scanner, nada. Por isso, o esquema funcionava. Sem a participação dos funcionários, não seria viável”, contou o titular da Delegacia do Aeroporto de Guarulhos, Luiz Alberto Guerra.

O delegado Guerra detalhou que a quadrilha agia há cerca de três anos despachando, em média, duas malas de drogas por semana. Segundo a Polícia Civil, toda a droga apreendida na operação está avaliada em aproximadamente 2,5 milhões de euros no mercado europeu.

O titular explicou que as malas seguiam sem passageiros, apenas com uma etiqueta falsa em nome de um “destinatário fictício”. Ele acredita que, no exterior, funcionários de companhias aéreas devem estar envolvidos no esquema para receber as bagagens.

“É importante destacar que foi uma ação de extrema inteligência. Um trabalho de paciência, um jogo de xadrez, que em razão da competência de nossos policiais foi possível a prisão e apreensão de toda essa droga”, ressaltou o titular da Divisão Especializada de Atendimento ao Turista (Deatur), Edson Jorge Aidar. 

Além dos dois funcionários presos, foram detidos dois irmãos acusados de levarem as bagagens com as drogas para o aeroporto.

Investigações

As apurações começaram quando uma mala, com 9 kg de cocaína, foi deixada na esteira de bagagens do aeroporto. Na ocasião, a pessoa que deixou a mala no local foi questionada por um funcionário do aeroporto e fugiu.

Depois de iniciadas as apurações, os policiais civis da Delegacia do Aeroporto de Guarulhos conseguiram identificar o veículo que havia levado a mala com o entorpecente – um Pálio/Weekend branco – e o seu proprietário.

“Passamos a monitorar o proprietário do veículo e o irmão dele, que nos chamou bastante atenção por ser um ex-funcionário [de uma companhia aérea], que trabalhava justamente lá no Aeroporto de Guarulhos. Começamos a mapear as relações deles e o trânsito que faziam no dia a dia”, contou o titular da Delegacia do Aeroporto.

Segundo Guerra, na tarde de sexta-feira (8), a equipe identificou a ida do irmão do dono do carro para conversar com dois funcionários do aeroporto e montou a operação, intensificando o monitoramento dos suspeitos.

Por volta das 22 horas, o dono do Weekend retornou ao aeroporto, a bordo do mesmo veículo, e encontrou com seu irmão. No momento em que os dois retiravam uma mala de dentro do automóvel, a Polícia Civil os abordou. Dentro da bagagem, havia aproximadamente 17 quilos de cocaína.

Ao mesmo tempo, outra parte da equipe monitorava a esteira de bagagens e percebeu que dois funcionários da companhia aérea aguardavam pela chegada da mala. Nos celulares da dupla de funcionários, os policiais encontraram fotos da bagagem que seria despachada com o entorpecente. 

A equipe ainda realizou buscas na casa do ex-funcionário da companhia aérea e localizou mais 10 quilos de cocaína que seriam enviados, nesta terça-feira (9), para a Inglaterra.

O delegado explicou que a investigação prossegue para descobrir a origem da cocaína e identificar outros possíveis funcionários envolvidos na quadrilha.

“Vamos atuar em cooperação com a Polícia Federal porque ficou evidenciado de que se trata realmente de tráfico internacional”, completou o delegado Guerra.