Na infância, minha mãe já incentivava a prática de esportes. Aos 4 anos, na academia mais próxima de casa, fazia natação e ballet, mais tarde com 7 anos praticava tênis na escolinha do Guga Kuerten que tinha parceria com a escola pública em que estudei da 1ª até a 4ª série, e como a escolinha ficava no Ginásio do Ibirapuera, lá eu acabei conhecendo o atletismo e a Ginástica Olímpica, e aos 10 anos essas modalidades faziam parte das minhas tardes que eram preenchidas pela prática de esportes, brincadeiras, amizades e aprendizados. Aos 12, minha mãe ficou sabendo de uma peneira de Basquete feminino que iria acontecer no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa – COTP, e lá fomos nós, eu e minha irmã passamos na peneira e começamos na escolinha, lá fui federada e permaneci por 5 anos.
Sem dúvida, o esporte marcou minha vida de várias maneiras e me trouxe valores importantes que carrego até hoje. Quando soube que as olimpíadas seriam no Brasil a expectativa de querer prestigiar e assistir as competições era grande. Há um ano atrás quando saiu o formulário para se candidatar a voluntário nos jogos olímpicos não pensei 2 vezes.
Acabo de voltar dessa experiência de 10 dias trabalhando como Event Services- EVS na Arena Olímpica do Rio onde ocorreram as competições de Ginástica Olímpica, minha função foi explicar, orientar e ajudar os visitantes da Arena durante as competições, o que me permitiu conversar com pessoas de várias partes do mundo. A organização de um evento grande como esse é trabalhosa e pude sentir a responsabilidade de ser um voluntário.
Presenciei as dificuldades enfrentadas pela falta de planejamento, pois tudo ocorreu bem nos eventos testes mas o despreparo diante do evento oficial com o triplo de visitantes no parque olímpico foi claro. Principalmente os voluntários que vieram do exterior ou de outras cidades, que não a do Rio de Janeiro, não tiveram treinamentos presenciais e eu fui uma dessas voluntárias. Aprendemos tudo na hora e conforme as situações iam acontecendo, o que também foi um aprendizado muito grande.
O que me surpreendeu foi o respeito à alegria e o entusiasmo diário entre os voluntários EVS e de nós para com o público, todos ou pelo menos a maioria fazendo o seu melhor pelos jogos e pelo Brasil e foi o que possibilitou que tudo melhorasse com o passar dos dias.
Nas reuniões que aconteceram os coordenadores sempre atenciosos nos passavam tudo o que estava acontecendo de ruim, de bom, nos incentivavam e agradeciam pela disponibilidade de estar ali. Nos 2 primeiros dias de evento trabalhamos com aproximadamente 40% dos voluntários inscritos, brincamos que aconteceu um milagre.
Hoje minha vontade é poder ter a experiência de ser voluntária das Olimpíadas em outro país, pois quero poder comparar experiências e viver muitas novas.
Ser voluntário é muito mais que trabalhar de graça como muita gente pensa, é ajudar, é mudar realidades, é fazer a diferença, é fazer acontecer e é a transformação por dentro do ser humano e em toda a sua volta.
*Paulistana, há 3 anos mora em Araraquara onde cursa Administração Pública na Faculdade de Ciências e Letras da Unesp e atua no Projeto Centro de Línguas.