O marqueteiro João Santana e a mulher dele, Mônica Moura, deixaram a carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba por volta das 16h30 de ontem, 1º, após serem libertados por uma decisão do juiz Sérgio Moro.
Em troca da liberdade, Moro estabeleceu o cumprimento de medidas cautelares, como o pagamento de fiança de R$ 31,4 milhões e a proibição de atuarem em campanhas eleitorais até uma nova decisão sobre o caso. Os valores já estavam bloqueados. Eles estavam presos há cinco meses.
Na decisão, Moro decidiu soltar o casal depois que eles admitiram, em depoimento na ação penal em que são réus, que receberam U$S 4,5 milhões no exterior referente a uma dívida de campanha de 2010 da presidenta Dilma Roussef.
O juiz criticou “a naturalidade e a desfaçatez” com que Santana e Mônica admitiram o caixa 2 na campanha, mas entendeu que a prisão preventiva não é mais necessária porque a ação penal está próxima do fim. A próxima fase será a sentença.
De acordo com o juiz, o uso de caixa 2 nas campanhas eleitorais “é trapaça” e afeta o processo político democrático.
“O álibi ‘todos assim fazem’ não é provavelmente verdadeiro e ainda que o fosse não elimina a responsabilidade individual. Se um ladrão de bancos afirma ao juiz como álibi que outros também roubam bancos, isso não faz qualquer diferença em relação a sua culpa. O mesmo raciocínio é válido para corruptores, corruptos, lavadores de dinheiro e fraudadores de campanhas eleitorais”, argumentou Moro.
Após o depoimento do casal, o PT declarou que todas as “operações do partido foram feitas dentro de legalidade”. O partido também ressaltou que as contas de campanha eleitoral de 2010 foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.
A presidenta Dilma Rousseff afirmou em seu Twitter que não autorizou pagamento de caixa 2 “a ninguém”. “Se houve pagamento, não foi com meu conhecimento”, afirmou Dilma.