O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, escreveu o artigo “Um Outro País”. É um estímulo a quem se desalenta com a policrise tupiniquim. O ministro observa que o Brasil obteve conquistas de valor inestimável. Estabilidade institucional, monetária e inclusão social. A certeza da impunidade é que alimenta a cadeia da corrupção. Mas o povo admira aquilo que o Judiciário realiza. Já não aceita mais do mesmo. Condena as más práticas e estas têm de cessar.
Impõe-se, todavia, a reforma política. Com três objetivos: baratear o custo das eleições, incrementar a legitimidade democrática e reduzir drasticamente o número de partidos. No modelo atual de lista aberta e voto proporcional, menos de 10% dos deputados chegam à Câmara com votação própria. Partido que existe para receber verba do povo sob o nome de Fundo Partidário e para vender tempo em TV não tem autenticidade programática. Entra no problema sério que é um Estado maior do que o PIB. O governo já não aguenta tanta estrutura pesada e o setor público precisa de urgente enxugamento. É preciso valorizar a iniciativa privada e incentivar o florescimento da sociedade civil, com empreendedorismo social, filantropia e atuação comunitária. A sociedade pode e deve criar bibliotecas em bairros, difundir o acesso à internet, manter uma praça ou apoiar uma escola.
Tudo passa pela educação. Já conseguimos a universalização do ensino fundamental, mas é preciso obter qualidade efetiva. O mesmo se diga do ensino médio, que ainda não é universal. Ao contrário: é a fase em que a evasão mais ocorre. A proposta para o ensino universitário é arrojada: instituições públicas em seus produtos, mas privadas no seu modelo de financiamento, com dotações filantrópicas, geridas profissionalmente e capazes de se multiplicar. Professores a serem recrutados em todo o planeta e aulas em pelo menos três idiomas. Tudo imerso em ética, matéria-prima hoje escassa e que não pode ser uma para o poder público e outra para o particular.
*Secretário estadual de Educação.