A Escola do Futuro deveria ter começado há um século. Mas não é o Brasil que está em déficit com o adequado planejamento educacional. É a humanidade. Em todos os países, a escola ainda tem a mesma fisionomia. Alunos enfileirados, o último da fila só enxerga as nucas dos seus colegas à frente. Aulas prelecionais. Disciplinas teóricas, nem sempre vinculadas com o interesse dessa geração cuja circuitaria neuronal é digital. Continuamos todos analógicos. O ambiente educacional está precisando de um choque. Daqui a alguns anos, mais da metade das profissões hoje existentes não mais existirão. Temos de preparar a juventude para atividades laboriais hoje ignoradas. Mais do que isso, temos de prepará-las para poder mudar de ramos sem traumas, assim que se tornar necessário.
Ou seja: a educação tem o desafio de formar pessoas polivalentes, aptas ao enfrentamento de incertezas e novidades. Hábeis em inovar e empreender. Corajosas, compreensivas, peritas em convívio e em trabalho cooperativo. A boa notícia é que a Escola do Futuro já está disponível. Quinze mil professores já gravaram aulas no Youtube e elas estão acessíveis a quem queira aprender. Centro e oitenta e um mil alunos se inscreveram para usufruir dessa aula turbinada. Alguns se miram no exemplo dos cursinhos. Outros fazem “rap”, outros ainda se utilizam de estilo repentista. Cada qual procurando tornar sua aula mais agradável, para cativar um alunado muito sábio, se tiver curiosidade e pesquisar na rede.
Estamos mergulhados na 4ª Revolução Industrial e precisamos navegar nesse mar revolto das mutações contínuas, estruturais, profundas e impactantes. Os nativos digitais querem outra escola. É por isso que precisamos investir na informatização, na oferta gratuita de wi-fi, no uso pedagógico dos smartphones e de todas as outras bugigangas eletrônicas que nos permitem estar em várias partes do globo, on line e simultaneamente. O mundo novo chegou. Quem não se aperceber disso terá o mesmo destino dos dinossauros.
* Secretário da Educação do Estado de São Paulo