Nunca ouvimos falar tanto que é possível trabalhar com o que amamos. Sim, é possível. Mas só amor não entrega resultados. Muitas pessoas têm ideias geniais e querem criar, por exemplo, uma startup bilionária ao se levantar da cama, mas esquecem que só a ideia não é suficiente. O momento econômico conturbado tem deixado a vida das pessoas mais difícil. Muita gente está perdendo tempo reclamando, sem enxergar as oportunidades do momento.
Empresas como o Google, AirBnb e Netflix estão nos forçando a um novo comportamento e sinalizando que muitas outras mudanças radicais estão por vir. As pessoas precisam estar atentas a essas mudanças e, também, entender que devem se preparar para elas. Não basta ser usuário de aplicativos ou consumidor de novas soluções. Estou falando de se reinventar como profissional, estando preparado para um mercado de trabalho alternativo e pulsante. Se o mundo está mudando, por que a grande maioria das pessoas continuam desenhando seu perfil profissional da mesma forma?
É impressionante como muita gente só enxerga possibilidade na velha e obsoleta CLT. Até quando o mercado irá conseguir arcar com essa relação trabalhista onerosa de um sistema falido e engessado? O empreendedorismo se coloca como grande opção para um novo desenho de relações de trabalho, onde regras mais flexíveis são aceitas. Não é cumprir horário que importa, mas sim agregar valor e entregar resultados. E também por que não trabalhar em casa em seu home office ou em espaços compartilhados? É preciso pensar em aliviar a estrutura das empresas e deixá-las mais competitivas.
Antigamente, o profissional passava uma vida inteira dentro da mesma empresa. Nos últimos tempos, eles viraram especialistas e tinham vários empregos na mesma área. Agora, viveremos um período de várias profissões na mesma vida. O mercado precisa de profissionais polivalentes e mutantes, que acompanham o movimento da economia. Você pode trabalhar com o que gosta, mas precisa ter um diferencial. Mesmo em tempos de crise, as pessoas têm acesso ao consumo. Com isso a personalização, a exclusividade e o valor agregado tem sido uma solicitação recorrente dos consumidores. É preciso criar identidade profissional, ter uma linguagem própria e entregar o que os outros não entregam. É preciso enxergar vertentes alternativas e criativas na mesma área de atuação.
Planejamento longo pode ser um tiro no pé. Não dá para perder meses ou anos desenhando uma solução que talvez o mercado não queira comprar. Com as redes sociais, nunca estivemos tão próximos dos nossos clientes. É vital entender as necessidades e propor soluções com foco nelas. É preciso se preparar para entregar mais do que se espera, e para isso é preciso formação. Porém, o modelo de ensino deve ser outro, com aprendizado constante e foco prático. Não é aceitável que um o futuro profissional fique anos sentado na cadeira de uma faculdade para chegar ao final e se perguntar como exercer sua profissão. É inadmissível pensar em uma formação teórica no qual o aluno tem papel receptivo. O profissional precisa ser construído agindo ativamente durante sua formação, vivendo a profissão e criando um olhar múltiplo.
As novas tecnologias têm trazido facilidades. Inevitavelmente a robotização substituirá muitas atividades hoje desenvolvidas pelo homem. Precisamos repensar nossos papeis como profissionais. Só aquilo que é prazeroso e que depende do talento caberá ao ser humano. Estamos chegando em um tempo onde a Economia Criativa aparece em destaque, pois o que realmente vale é o intangível proporcionado pelo capital intelectual. Da mesma forma, ganham forças as economias colaborativa e compartilhada que estabelecem uma relação de “ganha-ganha”, abrindo canais para uma nova forma de pensar onde o ser é mais valioso que o ter.
Sim, novos tempos que exigem novos comportamentos. É hora de se reinventar como o profissional e garantir seu espaço no mercado.

*Engenheiro Civil e diretor Geral do Centro Europeu – escola pioneira em Economia Criativa no Brasil.