Todos nós estamos sofrendo com a maior crise econômica já instalada nesse país. O desemprego assusta, as empresas não conseguem arcar com os seus compromissos e o temor assola o país. Dentro desse cenário, não conseguimos pensar no ideal, mas sim no que é preciso. Não adianta pensarmos no que é melhor, ou o que deveria ter sido feito no passado, mas sim no NECESSÁRIO, naquilo que efetivamente precisa ser feito hoje para conseguirmos atravessar esse período, SOBREVIVENDO.
O Brasil está fechando um ciclo político de treze anos, que está se encerrando como uma das mais profundas recessões dos últimos oitenta anos. Os investimentos do país, tanto públicos quanto privados, sofreram forte decréscimo a partir de 2014 e foram a principal causa da queda do PIB no período.
A recessão está causando o agravamento do desequilíbrio das contas públicas, ameaça à capacidade do Estado de continuar a prestar seus serviços, desempregou mais de 12 milhões de brasileiros e levou nosso setor a um faturamento que é, hoje, metade do que era em 2013, com os riscos subsequentes para a saúde financeira e para a sobrevivência das empresas.
Entretanto, confirmando o ditado popular que diz que “…não há mal que não se acabe”, nossa produção tem dado sinais de estabilização nos últimos meses e, ainda que de forma muito incipiente, alguns setores industriais apontam para uma tímida recuperação. É o momento adequado, portanto, de aprender com os erros passados e de “sacudir a poeira e dar a volta por cima”.
O país NECESSITA urgentemente estabelecer limites ao crescimento das despesas públicas, equacionar o crescente deficit do orçamento da Previdência, modernizar as relações capital-trabalho e implementar reformas que melhorem a governabilidade do país sem excluir, a médio prazo, a necessidade das demais. Acreditamos nisto e apoiamos o esforço do governo e do congresso nacional para aprovar as medidas necessárias para tanto.
A governabilidade e o controle das contas públicas são pré-condições absolutamente necessárias para retomar o crescimento, mas entendemos que, isoladamente, não são suficientes. De fato, o setor privado, a partir de 2011, espremido entre baixas margens e altos custos não só não aumentou sua produção, mas ampliou seu endividamento, a custos crescentes, perdendo progressivamente a capacidade de investir, de gerar empregos e, mais recentemente, até sua condição de manter a regularidade de seus tributos.
– O processo de desindustrialização continua se agravando
– Aliás, nós acabamos de receber uma pesquisa encomendada à SERASA mostrando que mais de 75% das empresas do setor tem algum tipo de pendência com o fisco
Defendemos, portanto, que SIMULTANEAMENTE COM O AJUSTE FISCAL o novo governo passe a implementar medidas de POLÍTICA INDUSTRIAL que permitam ao setor produtivo melhorar margens e produção. É preciso equacionar rapidamente o endividamento do setor privado, restabelecer o fluxo dos financiamentos à produção e às exportações, em condições aceitáveis, e EXPLICITAR UMA POLÍTICA CAMBIAL QUE ESTIMULE A EXPORTAÇÃO.
Em nossas diversas reuniões com o governo temos sugerido urgência na criação de uma política de sobrevivência para que possamos fazer a travessia até a retomada do crescimento. Esta política deve ser baseada em uma pauta emergencial e outra de competitividade, ambas levando em conta o BRASIL NECESSÁRIO, com juros civilizados e câmbio competitivo, condições absolutamente indispensáveis para a retomada da indústria, criação de empregos de qualidade e desenvolvimento. l
*João Carlos Marchesan
Presidente
Conselho de Administração
ABIMAQ / SINDIMAQ
Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos