Polícia Civil informou que foi presa na tarde de ontem,23, uma advogada, de Pirapozinho, que estava foragida após a execução da Operação Ethos, realizada no Oeste Paulista e em todo o Estado de São Paulo na terça-feira (22). A ação teve o objetivo de cumprir mandados de prisão contra advogados suspeitos de envolvimento com uma facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios do Estado de São Paulo. Segundo o delegado Éverson Contelli, a mulher estava em um rancho, em Presidente Epitácio.
De acordo com Contelli, a advogada foi levada para a Delegacia da Polícia Civil, em Presidente Epitácio, para prestar depoimento e posterior encaminhamento à Penitenciária Feminina de Tupi Paulista. A prisão da suspeita é temporária por cinco dias e pode ser prorrogada pelo mesmo período.
No Oeste Paulista, sete advogados, sendo cinco homens e duas mulheres, já haviam sido presos durante a operação nesta terça-feira (22), nas cidades de Presidente Prudente, Presidente Venceslau e Estrela do Norte. As demais pessoas presas no Estado durante a ação foram trazidas para a região, onde a investigação foi desencadeada.
Segundo a polícia, o conselheiro Luiz Carlos dos Santos, vice-presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), que também foi preso durante a operação após as investigações apontarem o seu suposto envolvimento com a facção criminosa, ainda não prestou depoimento, porém, isso deve ocorrer até o fim da semana.
Santos, com a participação dos advogados, recebia uma quantia mensal, conforme foi apurado pela Polícia Civil, para informar a facção sobre os assuntos do conselho.
Ainda segundo a polícia, os materiais apreendidos durante a operação já são analisados e periciados.
O caso
O inquérito policial sobre o caso foi instaurado em maio de 2015 para apurar crimes de organizações criminosas, lavagem de dinheiro, associação para fins de lavagem, exploração de prestígio e corrupção ativa.
As investigações começaram após informações reveladas através de uma carta que foi interceptada por agentes da Penitenciária “Maurício Henrique Guimarães Pereira”, a P2 de Presidente Venceslau, no dia 11 de maio de 2015, durante procedimento de varredura de rotina realizado no telhado sobre os raios 3 e 4 da unidade.
‘Sintonia dos gravatas’
Conforme a Polícia Civil, os envolvidos nos crimes tinham uma célula denominada “sintonia dos gravatas” – modo como é tratado o departamento jurídico da facção criminosa – criada inicialmente para prestação de serviços exclusivamente jurídicos aos líderes da “sintonia final geral” ou “conselho deliberativo”, que são os chefes da organização ilícita. Esses advogados evoluíram da licitude para a ilicitude, porque se percebeu a capacidade de infiltração dessa célula, sempre blindada pelo sigilo constitucional do advogado.
Atualmente essa célula simulava visitas jurídicas aos líderes presos, fazendo elo de comunicação de atividades criminosas entre os presos e aqueles que estão em liberdade, em “verdadeiras relações de promiscuidade”, segundo a Polícia Civil.
OAB
A 29ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) afirmou que vai apurar a conduta dos advogados que foram presos na Operação Ethos, realizada nesta terça-feira (22), no Oeste Paulista. Conforme o presidente da OAB na região de Presidente Prudente, Rodrigo Lemos Arteiro, o Ministério Público Estadual e a Polícia Civil ainda não notificaram oficialmente a entidade sobre o caso, por enquanto.
O presidente da OAB também acompanhou os representantes da entidade e ressaltou que tudo ocorreu “dentro da legalidade”. “Todos os advogados presos estão vinculados à Ordem dos Advogados no Estado de São Paulo, não sei dizer se são todos da nossa região”, frisou.
“A Ordem precisa ser comunicada. Por enquanto, a Ordem não tem expediente materializado por escrito para fazer qualquer valoração sobre o caso e não há um prazo para que isso seja feito”, pontuou ao G1.