Recentemente, em um de seus programas diários, cuja pauta é de entretenimento e assuntos do cotidiano, a apresentadora da Rede Globo, Fátima Bernardes, lançou a seguinte enquete: Quem você salvaria, estando no lugar do médico do pronto socorro, o policial ou o traficante?. 

Contudo, a questão sensível em relação ao tema se verifica em um detalhe que, propositalmente não está sendo observado pelos críticos de facebook; o da gravidade dos ferimentos, no sentido de que o policial não está ferido mortalmente, ao passo que o traficante sim.
Quando ocupante das cadeiras do bacharelado em Direito, isso lá no primeiro ano, uma das lições propedêuticas é que, a Constituição Federal contempla o princípio da presunção de inocência. Somado a isso, o Código Penal em seu artigo 135, criminaliza a conduta do agente que pratica omissão de socorro quando possível à prestação da assistência. Isso tudo, sem prejuízo do juramento de Hipócrates realizado pelos formados em medicina, que prometem a prática de uma medicina honesta e imparcial.
Portanto, ao chegar ao hospital visando atendimento, de modo simultâneo um policial e um traficante, nos moldes apresentado pela enquete, ou seja, o policial estável e o traficante em estado grave, o médico deve, atentar em primeiro lugar o seu juramento, sem prejuízo da observância ao princípio da presunção de inocência, uma vez que, suposto traficante ainda não fora julgado pelo juízo natural e competente, assim, não havendo contra si, sentença penal condenatória transitada em julgado, podendo inclusive, ser absolvido. Não se esquecendo igualmente, do delito de omissão de socorro.
Pelo exposto, é temerário até mesmo classificar o paciente como traficante, de modo que tráfico de entorpecente é crime (logicamente), e, caso este paciente venha a ser absolvido, ou contra ele não pese sentença condenatória, quem assim o classifica incorre no delito de calúnia.
Vejamos que é de grande profundidade a questão, alguns com personalidade melancólica e dramática, tema que será abordado doravante, dirão que estou defendendo o traficante, a eles deixo registrado, como diz o historiador Leandro Karnal, meus vários símbolos do elemento químico potássio.
Vejo pelas redes sociais, nas ruas, conversas de esquina etc. várias pessoas que inclusive as vejo como intelectuais, algumas ocupantes de cargos importantes, outros, até mesmo formados em direito (porque quem não conhece os princípios acima expostos, dá até pra dar um desconto), que estão polemizando a questão de uma forma dramática, revelando assim uma profunda ausência de capacidade de julgamento lúcido.
A psicologia classifica tais comportamentos como: Personalidade Melancólica e Dramática, de modo que o acometido por tal personalidade revela-se: excessivamente envolvido e apegado com algo ou alguém, o que acarreta em fragilidade (magoa-se facilmente). Presa fácil das emoções. Atraído pelo extremo da emoção, das paixões muito fortes. Atraído pelos altos e baixos das emoções. Dramático. Temperamental. Muito sensível. Movido pela culpa. Dificuldade para aceitar crítica. Extremamente crítico dos outros. Pouco objetivo. Queixoso. Melancólico. Depressivo. Mórbido. Egoísta. Voltado para si mesmo. Faz-se de “a pobre vítima”. Atormentado. Irônico. Dá grande importância à própria imagem.
Vejamos que na mesma intensidade que a questão se mostra complexa, outrossim se revela simples.
Sejamos sempre lúcidos, desapegados a uma personalidade egoísta, infantil, que não permite uma profunda análise da questão.
Portanto, quem deve ser atendido primeiro de acordo com a Lei, Moral, Ética, Bom Senso, Mínimo de Racionalidade (sem citar os princípios cristãos) é aquele que esta a beira da morte.

*Morador de Dracena.