O conselheiro Luiz Carlos dos Santos, vice-presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), foi levado na tarde desta quinta-feira (24) para prestar depoimento à Polícia Civil, na Central de Polícia Judiciária (CPJ), em Presidente Venceslau. Ele foi preso na última terça-feira (22), durante a Operação Ethos, sob suspeita de envolvimento com uma facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios do Estado de São Paulo.
Desde o dia em que foi preso, Luiz Carlos dos Santos estava na Penitenciária “Zwinglio Ferreira”, a P1 de Presidente Venceslau, e nesta quinta-feira (24) foi levado à CPJ para prestar seu depoimento e, após a oitiva, retornar para a unidade prisional, segundo contou ao G1 o delegado responsável pelo caso, Éverson Contelli.
De acordo com a polícia, outros advogados presos também prestaram depoimentos nesta quinta-feira (24) e os trabalhos de análise nos materiais apreendidos na operação continuam.
No Oeste Paulista, sete advogados, sendo cinco homens e duas mulheres, foram presos durante a operação nesta terça-feira (22), nas cidades de Presidente Prudente, Presidente Venceslau e Estrela do Norte. Uma advogada, de Pirapozinho, que estava foragida foi presa nesta quarta-feira (23), em Presidente Epitácio, elevando o número de presos para oito na região de Presidente Prudente. As demais pessoas presas no Estado durante a ação foram trazidas para a região, onde a investigação foi desencadeada.
O conselheiro do Condepe, com a participação dos advogados, recebia uma quantia mensal, conforme foi apurado pela Polícia Civil, para informar a facção sobre os assuntos do órgão que integra.
Operação Ethos
A operação, realizada pela Polícia Civil e Ministério Público Estadual (MPE), através do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), cumpriu mandados de prisão contra advogados suspeitos de envolvimento com uma facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios do Estado de São Paulo.
O inquérito policial sobre o caso foi instaurado em maio de 2015 para apurar crimes de organizações criminosas, lavagem de dinheiro, associação para fins de lavagem, exploração de prestígio e corrupção ativa.
As investigações começaram após informações reveladas através de uma carta que foi interceptada por agentes da Penitenciária “Maurício Henrique Guimarães Pereira”, a P2 de Presidente Venceslau, no dia 11 de maio de 2015, durante procedimento de varredura de rotina realizado no telhado sobre os raios 3 e 4 da unidade.
‘Sintonia dos gravatas’
Conforme a Polícia Civil, os envolvidos nos crimes tinham uma célula denominada “sintonia dos gravatas” – modo como é tratado o departamento jurídico da facção criminosa – criada inicialmente para prestação de serviços exclusivamente jurídicos aos líderes da “sintonia final geral” ou “conselho deliberativo”, que são os chefes da organização ilícita. Esses advogados evoluíram da licitude para a ilicitude, porque se percebeu a capacidade de infiltração dessa célula, sempre blindada pelo sigilo constitucional do advogado.
Atualmente essa célula simulava visitas jurídicas aos líderes presos, fazendo elo de comunicação de atividades criminosas entre os presos e aqueles que estão em liberdade, em “verdadeiras relações de promiscuidade”, segundo a Polícia Civil.