O ano começou com grandes incertezas no Brasil e no mundo.
O aprofundamento do desemprego e a frouxidão das coisas na política e os seus reflexos na economia mostram a todos nós brasileiros a certeza de um ano difícil. E no exterior nos deparamos com o já previsível tumultuado início da era Trump: o terrorismo cada vez mais letal e massivo e a perda clara de confiança dos europeus no modelo centralizado comandado pela Alemanha na União Europeia; o que nos permite também prever o tamanho das dificuldades políticas que enfrentarão EUA, Alemanha, França, Reino Unido e Itália, principalmente.
E nesse mal-estar generalizado, busco nas reflexões do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, professor das Universidades de Leeds, na Inglaterra, e de Varsóvia (Polônia), o entendimento do significado daquilo que ele considera “tempos líquidos” ou “tempos precários”.
Com farta bibliografia, o professor Bauman, nos oferece condições de analisarmos esses momentos de “incerteza existencial, medo do futuro, perpétua ansiedade, falta de confiança dos governos cumprirem as suas promessas e o dever de proteger os direitos dos cidadão e atender os seus interesses”.
E continua “os assuntos do estado e seus sujeitos estão em queda livre e difícil prever com alguma certeza o caminho a seguir, sem falar em controlar o curso dos acontecimentos, transcendendo a capacidade humana individual e coletiva”.
Mas o professor, com 91 anos e com vasta experiência histórica — já que como judeu-polonês teve que se refugiar na Inglaterra, fugido do Nazismo — nos dá um respiro de esperança ao dizer “que se considera pessimista a curto prazo e otimista a longo prazo”, justificando-se na fala de Antonio Gramsci, pensador italiano.
E para finalizar, acredito que nós democratas teremos que nos esforçar para empurrar o velho populismo para fora da história e apressarmos o surgimento de uma nova era.

*Sociólogo e presidente Centro de Estudos para o Desenvolvimento Regional (CDR)