Estava numa reunião no Conselho Estadual de Educação, presente o Ministro José Mendonça Bezerra Filho, quando recebemos a notícia do acidente que vitimou o Ministro Teori Zavascki.
Podia me considerar amigo do Ministro, a quem conheci há mais de vinte anos, quando ele ainda integrava o Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, com sede em Porto Alegre.
Tive o privilégio de conviver com ele no feliz período em que ambos integrávamos a Diretoria Adjunta da Escola Nacional da Magistratura, então presidida pelo saudoso Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira.
Viajamos juntos por muitos países, fazendo cursos de Formação de Formadores e de Capacitação de Docentes para as nascentes Escolas de Juízes, uma das grandes inovações do Século XX.
Descobri em Teori um amigo de infância. Era uma dessas pessoas simples, francas, abertas ao diálogo, tolerantes e humildes. A erudição nem se fala. Profundo conhecedor de Direito, principalmente de Processo Civil, era avançado em suas posições e muito compenetrado de que o papel da Magistratura era encontrar soluções e garantir a fruição de direitos a quantos a procurassem.
Acompanhei seu êxito funcional. Foi Ministro do STJ e um dos amigos que tentaram me levar para lá. Contei com seu voto e seu apoio quando disputei uma vaga no Tribunal da Cidadania.
Quando cotado para o Supremo Tribunal Federal, fiquei muito feliz, pois sabia o quanto de lucidez, singeleza, coerência e capacidade de trabalho levaria para o ápice do Poder Judiciário nacional.
Sempre me distinguiu com a mesma amizade. Visitou-me quando presidi o Tribunal de Justiça de São Paulo e me obsequiou com suas obras, sempre com generosas dedicatórias.
Ainda recentemente, no casamento do Ministro Paulo Dias de Moura Ribeiro, conversamos bastante e tive a oportunidade de reforçar minha admiração por sua conduta, por sua postura, aquela compatível com o paradigma de Magistrado com que todos sonhamos.
Quem é que pode entender os insondáveis desígnios da Providência? Parte TEORI para a eternidade, após ter escrito seu honrado e superlativamente ético nome na História da Justiça do Brasil.
*Secretário da Educação do Estado de São Paulo, ex-presidente do Tribunal de Justiça SP