O trote na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), para receber os novos alunos, ocorre nesta segunda-feira (13), no centro da cidade. Grupos de veteranos afirmam que não há opressão nem brincadeiras preconceituosas.

“É sem violência, sem hierarquia. Não somos superiores por já estarmos estudando aqui antes”, afirma Carolina Stampone, de 18 anos, aluna do segundo ano de direito.

Os veteranos declaram que, como não passaram por trotes opressores nos anos anteriores, também não têm incentivo a praticar qualquer atividade que humilhe os novos alunos.

Gustavo Figueiredo, de 18 anos, reforça que a ideia é acolher os jovens que foram aprovados na USP. “É sem racismo, sem mandar neles. Só fazemos as brincadeiras com quem aceita”, diz.

Pintar a roupa e o rosto com tinta é a principal prática do trote. Os estudantes também passam pelo ritual dos “11 segundos”, referência ao centro acadêmico XI de Agosto: uma garrafa de pinga é despejada por esse tempo na boca dos calouros. “Mas a gente pergunta antes. Quem não quiser não bebe”, diz Richard Souza, aluno do terceiro ano na faculdade.

Adaptações

Além de tentar banir a violência, outras adaptações foram feitas nos últimos anos no trote da São Francisco. O “banho da Sé”, que acontecia na Praça da Sé, foi eliminado. “A gente entendeu que era um espaço público e que poderia incomodar os moradores de rua”, afirmam os estudantes.

Banhos de mangueira também foram banidos, desde o início da crise hídrica em São Paulo.

Esportes e religião

Grupos de veteranos aproveitam para recrutar novos alunos para equipes de esporte. Luan Vieira, aluno do quinto ano, busca novos jogadores de baseball. “A gente fica em cima dos alunos para conseguir novos atletas. Enchemos a paciência deles por whatsapp e Facebook também”, ri.

Outro grupo que busca adeptos é o NEB, de cristãos. Os integrantes fazem estudos bíblicos e orações semanalmente. Eles contam que o objetivo não é converter ninguém a alguma crença, e sim tornar os estudos mais tranquilos. “A gente também fica aqui no trote para combater a violência”, conta Carolina Bahr, de 22 anos, membro do grupo.