A 38ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada hoje (23) pela Polícia Federal, aponta que Jorge Luz e o filho dele, Bruno Luz, intermediaram o pagamento de US$ 40 milhões em propina ao longo de dez anos na compra dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000; na operação do navio-sonda Vitoria 10.000 e na venda, pela estatal, da Transener para a empresa Eletroengenharia.

Os dois atuavam como operadores do PMDB, conforme as investigações. Segundo o procurador da República Diogo Castor de Mattos, a maior parte da propina era repassada aos membros da Diretoria Internacional da Petrobras, enquanto o restante era destinado a agentes políticos. “São pessoas que ainda estão no cargo e gozam de foro privilegiado, principalmente senadores”, disse Mattos.

O procurador não revelou quais e quantos políticos estariam envolvidos no pagamento de propina investigado nesta fase da Lava Jato, batizada de Blackout em referência ao sobrenome dos operadores financeiros. Ele afirmou que nem mesmo os delatores souberam dizer essas informações com precisão durante a colaboração premiada.

“[Os delatores] sabem apenas que foi destinada uma certa quantia para a bancada do partido, que era representada por um determinado senador. Em tese, seria esse senador que distribuiria o valor para os outros políticos”.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), além de atuar na Diretoria Internacional, área de indicação política do PMDB, os operadores financeiros também agiam esporadicamente na Diretoria de Abastecimento e na Diretoria de Serviços, áreas de influência do PP e do PT, respectivamente.

Jorge Luz e Bruno Luz, alvos da 38ª fase da operação Lava Jato, vão responder pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Fora do país

Os mandados de prisão preventiva da 38ª fase da Operação Lava Jat não foram cumpridos, pois Jorge Luz e Bruno Luz estão nos Estados Unidos. A PF procura, agora, conversar com autoridades americanas para definir se os dois serão extraditados ou se retornarão espontaneamente ao Brasil.

PMDB

Em nota, o PMDB afirmou que os operadores financeiros “não têm relação com o partido” e “nunca foram autorizados” a falar em nome da sigla.