A política é indispensável à governança, principalmente em democracias. Um bom e útil exercício da política é essencial, desde que desempenhado com honestidade, interesse social e patriótico pelos seus atores. No Brasil, para a maioria dos cidadãos a política é vista com qualificativos desabonadores. Porém, não é a política que não presta, são os políticos que por sua postura e por seu caráter pessoal a degradam cada vez mais. Manobras e negociatas estranhas à prática política sempre existiram e certamente continuarão a existir, mas em nosso país a deturpação vem crescendo preocupantemente até chegar aos episódios mais recentes que produziram os maiores escândalos de corrupção jamais vistos.
A Operação Lava Jato, que investiga os atuais esquemas de corrupção, acabou por revelar casos estarrecedores envolvendo parlamentares, gestores públicos e integrantes do governo mancomunados com empreiteiras de obras e empresas que mantinham contratos com o governo e com estatais. Em resumo, são esses os políticos que desvirtuam a essência da política e se valem dos cargos públicos para proveito próprio. São esses que reforçam o argumento de que o país está precisando de importantes reformas, porém, a mais urgente e necessária é a reforma moral e ética.
Não será fácil promovê-la porque depende do caráter dos políticos e os que aí estão já provaram que dificilmente se emendarão. Acredito que somente se chegará à depuração política com a renovação, com novas ideias, novos atores não contaminados. A busca desses envolve trazê-los à participação no cenário político. Todavia, sabe-se que a maioria dos cidadãos, especialmente a juventude, não participa porque tem essa visão negativa da política disseminada por todos esses escândalos e pelos maus políticos que precisam ser banidos através das urnas, a via democrática.
Com tudo isso exposto, concluo que: essa reforma moral e ética, tão necessária e urgente, depende também de quem vota.
*Empresário, médico e professor. Foi Ministro da Saúde e Deputado Federal.