A aposentada Maria Tereza da Silva, que ficou por 12 anos na fila de espera por uma vaga para a realização de uma cirurgia para catarata, em Itapetininga (SP), conseguiu finalmente marcar o procedimento cirúrgico para 28 de abril deste ano, durante um mutirão realizado pela prefeitura. Estima-se que na fila estejam 500 pacientes aguardando pela cirurgia.
A responsabilidade da cirurgia de catarata pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Itapetininga é dividido entre o Banco de Olhos de Sorocaba, a Prefeitura e a Secretaria de Estado da Saúde, por meio do Ambulatório Médico de Especialidades (AME). O processo para conseguir a cirurgia começa na rede municipal de saúde, passa por um especialista do AME e termina com a cirurgia em Sorocaba.
Segundo o BOS, somente na região de Itapetininga há entre 5 e 7 mil pessoas com catarata e que, por mês, cerca de 100 pessoas buscam a cirurgia e são incluídas na lista.
Em entrevista ao G1, a aposentada afirmou que a sensação é de alívio e de esperança. “Foi muito tempo esperando e graças a Deus deu certo. Finalmente tenho a certeza de que a cirurgia será realizada. Minha sensação é de alívio e, quando voltar a ver, vou recomeçar a viver. A primeira coisa que quero fazer é conhecer meus 10 netos e 10 bisnetos. Estou muito feliz. Por coincidência, além de conseguir a cirurgia por esse mutirão que teve em Itapetininga, fiquei sabendo no sábado (25) que em Campinas também poderei marcar uma cirurgia. Nem acredito, depois de anos esperando, que posso voltar a enxergar”, afirma
De acordo com a aposentada, o médico explicou que, como ela está há mais de 10 anos sem ver, a cirurgia não será tão simples. “Falaram que como está há muito tempo já, a cirurgia não será tão simples e pode ser mais complicadinha. Mas eu tenho fé em Deus de que tudo dará certo. Minha vida mudou muito desde que fiquei cega. Sofri demais. O que mais quero é levar meus netos e bisnetos para passear, cozinhar para eles e ver o rostinho deles. Tenho fé em Deus e esperança. Até falei para eles que logo a vovó os conhecerá”, conta.
Anos de espera
Maria diz que há 12 anos sua vista começou a ficar embaçada e ter dificuldade a enxergar. “Minha visão começou a ficar embaçada. No começo eu enxergava apenas um vulto e logo já perdi totalmente a visão. Fui a médicos de Itapetininga, São Paulo e ao Banco dos Olhos de Sorocaba (SP), mas, até então, nada de cirurgia”, afirma.
A aposentada ressalta que sofreu muito ao ficar cega. “Sofri muito quando perdi a visão. Pensei que nunca mais pudesse enxergar, pois estou há 12 anos assim. Agora com esse mutirão, minha esperança voltou. Só quero voltar a enxergar para poder cuidar do que é meu. Minha vida mudou muito desde que fiquei cega. Tive que mudar de casa, deixei de fazer várias coisas e até meu marido me deixou. Agora voltando a enxergar, terei minha vida de volta”, conta, emocionada.
Mutirão
A Prefeitura de Itapetininga (SP) realizou na última nesta sexta-feira um mutirão de cirurgia de catarata com o objetivo de zerar a fila de espera, que atualmente é de cerca de 500 pessoas. De acordo com o oftalmologista Quirino de Jesus Lopes, muitas pessoas não sabem que a catarata tem cura.
“A catarata é uma alteração que existe no olho onde o cristalino, que é uma lente natural que temos dentro do olho, envelhece ou fica degenerado. Ele recebe o nome cristalino, pois é transparente como um cristal. Em uma pessoa com catarata ele fica esbranquiçado, branco ou um pouco escuro e a pessoa não enxerga. A doença é a maior causa de cegueira reversível do mundo”, explica.
Ainda de acordo com o oftalmologista, os primeiros sintomas é a visão embaçada e que, apesar de ser uma doença que atinge pessoas com mais de 60 anos, existem casos raros onde a catarata aparece em crianças e adolescentes. Quando detectada, precisa ser tratado o quanto antes.
“Não importa quanto tempo uma pessoa tenha a catarata, com a cirurgia, se ela não tiver doenças como diabetes, glaucoma, fraqueza de retina ou no nervo ótico, ela pode volta a enxergar. O que acontece nesses casos que demoram anos, é que a pessoa perde a qualidade de vida por não enxergar”, conta o especialista.
Cirurgia
O oftalmologista também afirma que a tecnologia e os equipamentos modernos facilitaram a cirurgia de catarata. “Apesar de ser uma cirurgia de alta complexidade, com a tecnologia ela se tornou mais confortável para o paciente que não precisa ficar internado, fica apenas algumas horas no hospital e é liberado”, diz.
“Não tem mais necessidade de aplicação de anestesia geral, não leva pontos e a anestesia local é feita com colírios, em casos raros ela podem ser feitos com injeção, mas na grande maioria é feita com colírios. E assim ela se tornou uma cirurgia muito confortável, de recuperação rápida e geralmente indolor”, conclui Quirino.