A Campanha da Fraternidade a cada ano procura refletir sobre um determinado tema que seja relevante ao seu tempo.Organizada pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) que, à luz da fé, motiva os fiéis através de subsídios, dados, cartazes e outros meios sobre um ou mais assuntos.
Com o tema: “Fraternidade: Biomas brasileiros e defesa da vida e o lema: “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15)”, a reflexão está em sintonia com a recente carta encíclica escrita pelo papa Francisco, “Laudato Si”, Louvado Sejas, onde o pontífice claramente escreveu sobre o cuidado com a casa comum, o planeta terra.
Em outros anos, a Igreja no Brasil já havia demonstrado essa preocupação com a Terra. No ano passado inclusive o foco foi o saneamento básico e, neste ano, os bispos no Brasil resolveram continuar a pensar na casa comum, nos biomas do Brasil.
Como explica o texto-base da CF-2017, a expressão bioma vem de “bio”, que em grego quer dizer “vida” e “oma”, sufixo também grego que quer dizer “massa”, grupo ou estrutura de vida. Em outras palavras, “um bioma é formado por todos os seres vivos de uma determinada região, cuja vegetação é similar e contínua, cujo clima é mais ou menos uniforme, e cuja formação histórica é comum”.
São seis biomas em nosso solo brasileiro: a Mata Atlântica, a Amazônia, o Cerrado, o Pantanal, a Caatinga e o Pampa. A Campanha da Fraternidade visa alertar exatamente para esses biomas que se não forem preservados, cuidados, infelizmente acabarão. Trata-se de uma riqueza natural, de um bem do Criador, que foi confiado ao homem para que cultive e guarde toda essa bênção divina.
Quando o livro do Gênesis narrou a criação de Deus, fauna e flora, a criação do homem, sua imagem e semelhança, mostrou que tudo foi feito por amor. Deus deu ao homem a oportunidade de dela retirar seu sustento, e também zelar pela terra, o solo, os animais, as árvores… Tudo é dom de Deus.
A Campanha da Fraternidade que inicia na Quaresma chama o povo à conversão para que se volte para Deus, para o próximo e para a defesa da criação. Não é simplesmente de cunho social/ecológico, mas, antes de tudo o convite é olhar para Deus. Do olhar para o Criador um olhar para o próximo – o próximo é irmão e não inimigo – e do olhar para o próximo um olhar para a natureza. Se o caminho assim for feito, não se cairá num partidarismo, “isso é mais importante que aquilo”, não! O olhar deve ser para o todo.
O papa em sua encíclica Laudato Si’, propõe uma ecologia integral. O texto-base da Campanha apresenta as riquezas de cada bioma, alerta sobre os riscos e as perdas que já ocorreram, aponta a contribuição da Igreja em cada bioma e deseja que cada cidadão faça sua parte. As autoridades, os governos, os empresários, ou seja, aqueles que detêm o poder são convocados a contribuir para a preservação dos biomas brasileiros.
Por fim, cabe ao povo cristão e a toda pessoa de boa vontade, tomar consciência que com pequenas iniciativas se consegue bons resultados, como: separar o lixo orgânico do reciclável, economizar água, não sujar as ruas, plantar árvores… E se conta muito com os governos e os parlamentares para que façam e cumpram leis que protejam o meio ambiente. Espera-se que as autoridade políticas tenham uma conduta em que não se deixem dominar pela corrupção e, assim, não se preocupem apenas com os bens materiais, mas que sejam desapegados e cuidem da população com políticas que conscientizem seus eleitores e que promovam a defesa da vida humana e ecológica.
*Sacerdote da Comunidade Canção Nova