A crise provocada pelas denúncias de irregularidades na comercialização de carnes bovinas, suínas e frangos, apuradas na “Operação Carne Fraca”, da Polícia Federal (PF), provocou reflexo direto no preço da arroba do boi do produtor para os frigoríficos.
Segundo o responsável pela compra do gado para abate no frigorífico localizado em Monte Castelo, que abastece supermercados e açougues da região, Jamil Racanelli, a oferta de bovinos aumentou em mais de 25% nos últimos dias.
“Assim que vieram à tona as denúncias da operação da PF, no último dia 17, sexta-feira, a oferta aumentou e o preço da arroba do boi caiu cerca de 5% nos últimos dez dias”, explica. Racanelli informa também que nos frigoríficos de grande porte, o abate diminuiu em até 50%.
O preço da arroba do boi que antes da operação custava para o frigorífico de R$ 48 a R$ 49, caiu para R$ 42. “Tem muita oferta e no momento não temos como abater toda essa demanda existente”, esclarece o funcionário, ressaltando que o gado adquirido para o abate no frigorífico vem da região entre 150 a 200 quilômetros de distância.
“A logística para aquisições em locais mais distantes, não compensa”, explica, em referência ao custo de transporte. Racanelli acrescenta ainda que a tendência é do preço da carne bovina nos supermercados também é de queda.
O frigorífico é um dos principais fornecedores de carne para o comércio da região, entre Panorama a Osvaldo Cruz e de acordo com Racanelli, desde o momento da compra do gado do produtor para abate até a entrega da carne para açougues e mercados, há um controle rígido quanto à qualidade. “Todo esse procedimento é monitorado”, conclui.
CONSUMIDOR – Até segunda-feira, 27, o preço da carne bovina ainda não registrava queda para compra nos supermercados de Dracena, conforme informações do funcionário de açougue de um dos supermercados de Dracena, Thiago César dos Santos.
“Até agora (segunda-feira), não caiu, mantém-se estável”, declara, em relação aos últimos dias, após a deflagração da “Carne Fraca”.
Santos confirma que a venda da carne no açougue também não caiu. “O consumidor prefere a carne fresca”, diz. Ao contrário do que ocorre no setor dos embutidos (mortadelas, salsichas, presunto, linguiça, entre outros). “As vendas caíram bastante nos últimos dias”, explica.

RESTRIÇÕES

Mesmo com a reabertura dos mercados da China, Chile e Egito à carne brasileira, atualmente chega a 31 o número de mercados que adotaram algum tipo de restrição ao produto nacional ou solicitaram informações adicionais ao país, por causa da Operação Carne Fraca.
Nesta semana, entraram para lista Peru, que fez a suspensão temporária de dois frigoríficos, além do Bahrein, Marrocos, Zimbábue, Santa Lúcia e Irã. A relação foi atualizada às 13h de segunda-feira, 27, pelo Ministério da Agricultura (Mapa).