Este ano, já foram registrados casos de meningite bacteriana em Dracena e algumas cidades da região, como Nova Guapotaranga, Panorama e segundo médico pediatra dracenense que preferiu não se identificar, também em Junqueiropólis.

Apenas em Dracena foram neste ano, cinco casos de meningite viral, contra oito registros em 2016, segundo informação obtida junto ao JR pela assessoria de comunicação da Prefeitura.

A pedido do Regional, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informa que, segundo diretriz do SUS (Sistema Único de Saúde) definida pelo Ministério da Saúde, o trabalho de campo para o combate e o controle de meningite cabe às prefeituras, por intermédio de suas secretarias municipais de Saúde.

Ainda conforme dados do Estado, balanço do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), de 2016, contabilizou 6.551 casos e 416 óbitos considerando todas as etiologias da doença (bacteriana, viral e outras não especificadas). Em 2017, até janeiro, foram notificados 103 casos.

A Saúde estadual ressalta que não há evidência de nenhuma anormalidade no cenário epidemiológico da doença, neste momento. Em caso de surtos localizados, sempre que necessário, as vigilâncias epidemiológicas são acionadas para agir imediatamente na investigação dos casos e providenciar a vacinação de grupos específicos com o objetivo de conter efetivamente a transmissão.

GVE – A responsável pelo Grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE) de Presidente Venceslau, Regina Azenha Tagima, confirmou na terça-feira, 28, ao JR registros de casos pontuais da meningite viral na região e no Estado de São Paulo.

Afirmou que é uma situação que normalmente ocorre anualmente entre o outono e o inverno, mas neste ano os casos estão sendo registrados mais cedo.

“Podem estar associados ao período de chuvas que ocorreram com maior intensidade neste ano o que fez as crianças das escolas terem permanecido mais tempo em ambiente fechado”, afirmou.

A responsável pelo GVE acrescentou que os casos quando confirmados são notificados e encaminhados à Secretaria Estadual da Saúde.  Os municípios por sua vez, de acordo com Regina Tagima, podem receber do GVE, orientações de higiene e condutas.

Quanto ameningite bacteriana, mais grave, a responsável informou que não há nenhum registrado na região em 2017.

 

 

 

Veja as explicações do dr. Drauzio Varela sobre a doença

Meningite é uma infecção que se instala principalmente quando uma bactéria ou vírus, por alguma razão, consegue vencer as defesas do organismo e ataca as meninges, três membranas que envolvem e protegem o encéfalo, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central. Mais raramente, as meningites podem ser provocadas por fungos ou pelo bacilo de Koch, causador da tuberculose.

Sintomas

a) Meningites virais

Nas meningites virais, o quadro é mais leve. Os sintomas se assemelham aos das gripes e resfriados. A doença acomete principalmente as crianças, que têm febre, dor de cabeça, um pouco de rigidez da nuca, inapetência e ficam irritadas. Uma vez que os exames tenham comprovado tratar-se de meningite viral, a conduta é esperar que o caso se resolva sozinho, como acontece com as outras viroses.

b) Meningites bacterianas

As meningites bacterianas são mais graves e devem ser tratadas imediatamente. Os principais agentes causadores da doença são as bactérias meningococos, pneumococos e hemófilos, transmitidas pelas vias respiratórias ou associadas a quadros infecciosos de ouvido, por exemplo.

Em pouco tempo, os sintomas aparecem: febre alta, mal-estar, vômitos, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo. Esse é um sinal de que a infecção está se alastrando rapidamente pelo sangue e o risco de septicemia aumenta muito. Nos bebês, a moleira fica elevada.

Importante: os sintomas característicos dos quadros de meningite viral ou bacteriana nunca devem ser desconsiderados, especialmente em duas faixas etárias extremas: nos primeiros anos de vida e quando as pessoas começam a envelhecer. Na presença de sinais que possam sugerir a doença, a pessoa deve ser encaminhada para atendimento médico de urgência.

Diagnóstico

Todos os tipos de meningite são de comunicação compulsória para as autoridades sanitárias. O diagnóstico baseia-se na avaliação clínica do paciente e no exame do líquor, líquido que envolve o sistema nervoso, para identificar o tipo do agente infeccioso envolvido.

Se houver suspeita de meningite bacteriana, é fundamental introduzir os medicamentos adequados, antes mesmo de saírem os resultados do exame laboratorial. O risco de sequelas graves cresce à medida que se retarda o diagnóstico e o início do tratamento. As lesões neurológicas que a doença provoca nesses casos podem ser irreversíveis.

Prevenção e vacinas

A vacina contra o Haemophilus influenzae tipo B também protege contra a meningite e faz parte do calendário oficial de vacinação.

A vacina contra a meningite por pneumococo, embora tenha sido lançada na Europa e nos Estados Unidos, onde as características da bactéria são um pouco diferentes, fornece boa proteção também no nosso País.

A partir de 2011, a vacina conjugada contra meningite por meningococo C  faz parte do Calendário Básico de Imunização.  O esquema de vacinação obedece aos seguintes critérios: uma dose deve ser aplicada aos três meses; outra, aos cinco meses e a dose de reforço, aos doze meses.

Tratamento

O tratamento das meningites bacterianas tem de ser introduzido sem perda de tempo, porque a doença pode ser letal ou deixar sequelas, como surdez, dificuldade de aprendizagem, comprometimento cerebral. Ele é feito com antibióticos aplicados na veia.

Assim como para as outras enfermidades causadas por vírus, não existe tratamento específico para as meningites virais. Os medicamentos antitérmicos e analgésicos são úteis para aliviar os sintomas.

Meningites causadas por fungos ou pelo bacilo da tuberculose exigem tratamento prolongado à base de antibióticos e quimioterápicos por via oral ou endovenosa.

Recomendações

* Cuidados com a higiene são fundamentais na prevenção das meningites. Lave as mãos com frequência, especialmente antes das refeições;

 

* Alguns sintomas da meningite podem ser confundidos com os de outras infecções por vírus e bactérias. Não fique na dúvida: criança chorosa, inapetente e prostrada, que se queixa de dor de cabeça, precisa ser levada, o mais depressa possível, para avaliação médica de urgência.

 

ROSANA GONÇALVES / GILMAR PINATO  – Da Redação