eve início, às 9h desta quinta-feira (27), o julgamento de Anderson Luis da Silva Budoia, acusado de atropelar e matar a adolescente Ana Clara Zorneck, de 16 anos, em Pacaembu, na madrugada do dia 25 de dezembro de 2014. Na época do crime, a jovem estava com alguns amigos sob a copa de uma árvore, quando o autor, que conduzia um VW Gol, “jogou” o carro para cima do grupo, segundo o Boletim de Ocorrência. A menina foi arremessada por, aproximadamente, 15 metros.
O acusado, após atropelar a garota fugiu, sofrendo um capotamento no trevo da cidade. Ele ainda abandonou o veículo e permaneceu “escondido” em uma propriedade rural. No dia 8 de janeiro de 2015, o homem, que na data tinha 29 anos, se apresentou à Polícia Civil e afirmou, em depoimento no dia seguinte, “que não teve a intenção de cometer o crime e que se distraiu enquanto mexia no rádio do veículo”.
O julgamento, que não tem previsão de término, é realizado na Câmara Municipal da cidade, localizada na Rua Presidente Kennedy, no Centro, e conta com a presença dos pais da vítima, familiares e com a promotoria. A juíza responsável pelo caso é Ruth Duarte Menegatti, da 3ª Vara do Foro da Comarca de Adamantina.
Conforme a magistrada, o julgamento do caso é importante, pois gerou muita comoção na cidade há alguns anos. “Todo tipo de crime contra a vida envolve um clamor popular, então, o Tribunal de Justiça [TJ] busca ainda mais seriedade nesses casos, para que eles não fiquem indefinidos. Desse modo, o Tribunal do Juri julga os crimes dolosos de forma coletiva, pela comunidade local que vai dar a resposta de justiça”, explicou.
Segundo o promotor de Justiça do Ministério Público Estadual (MPE), Daniel Magalhães Albuquerque, o órgão busca a condenação do réu pelo homicídio da adolescente. “O Ministério Público Estadual hoje defende a acusação completa descrita na denúncia, ou seja, busca a condenação do réu por homicídio triplamente qualificado. As qualificadoras consistentes são: motivo torpe, no recurso que dificultou a defesa da vítima, o fato do crime ter causado perigo comum, em face de poder ter atingindo mais pessoas, no caso, os amigos que estavam junto com a Ana”, informou.
Ainda segundo Albuquerque, a pena solicitada pela Promotoria será de cerca de 25 anos. “O MPE busca a condenação considerando todos os elementos, bem como em face da fuga do réu do local do crime e por ele não ter prestado socorro à vítima”, concluiu.
Defesa
O G1 tentou contato com o advogado José Reinaldo Gussi, que atua na defesa de Anderson Luis da Silva Budoia, mas, as chamadas iam direto à caixa postal.
O caso
Na madrugada do dia 25 de dezembro de 2014, a vítima estava com mais cinco adolescentes, entre 16 e 17 anos, sob a copa de uma árvore, quando um VW Gol que transitava pela via, no sentido Centro-trevo, se aproximou e “jogou” o carro para cima dos adolescentes, conforme o boletim policial. Alguns jovens se esquivaram, exceto a vítima que, ao ser atingida, foi arremessada por aproximadamente 15 metros de distância.
Após o atropelamento, também conforme o Boletim de Ocorrência, o citado veículo seguiu em alta velocidade rumo ao trevo principal de Pacaembu. Logo em seguida, a polícia recebeu um comunicado de que um VW Gol havia se envolvido em um capotamento na Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294).
No dia do acidente, a polícia compareceu ao local e, durante a perícia no veículo, localizou no parabrisa “um chumaço de cabelos que poderia ser da vítima”. O material foi recolhido pela perícia técnica, para averiguar se os fios de cabelo eram da vítima atropelada.
Já o condutor do veículo capotado fugiu do local. Segundo o registro da Polícia Civil, nas proximidades da árvore, onde houve o atropelamento, foi encontrado um símbolo da VW, que se deslocou no momento do acidente.
‘Sem a intenção de matar’
O suspeito de atropelar a adolescente afirmou, em depoimento à Polícia Civil, que “não teve a intenção de cometer o crime e que se distraiu enquanto mexia no rádio do veículo”. O rapaz, na época com 29 anos, se apresentou no dia 8 de janeiro de 2015 ao plantão da Polícia Civil, em Adamantina, e prestou depoimento no dia seguinte.
Ele explicou que mexia no aparelho de som do veículo, quando perdeu o controle do automóvel e atingiu a jovem, de acordo com as informações dos agentes.
O indivíduo relatou que ao capotar o veículo, ligou para seu pai contando o que acabara de acontecer e optou por se esconder em uma propriedade rural.
Diante da versão colhida, mm mandado de prisão temporária foi concedido pela Justiça, fazendo com que o autor cumprisse pena provisória de 30 dias na Cadeia de Adamantina, até ser transferido para outra unidade prisional.
(Com a colaboração de Mariane Santos, da TV Fronteira)