Respeitado na elite do Circuito Mundial (WCT) após os títulos de Gabriel Medina, em 2014, e Adriano de Souza, em 2015, o Brasil começa a apresentar sua nova geração no Oi Rio Pro, quarta etapa da temporada, em Saquarema (RJ). Ainda que os resultados não sejam imediatos, as manobras dos novatos, filhos de figuras relevantes da modalidade, vêm encantando o público.
A jovem Tainá Hinckel, de apenas 14 anos, foi uma das queridinhas dos fanáticos na praia de Itaúna nesta semana. Filha do ex-surfista Carlos Kxot, ela detém o título de campeã sul-americana em 2016 e brasileira na categoria sub-18. Na cidade da Região dos Lagos, conquistou vaga por meio da triagem e teve suas primeiras oportunidades na elite.
“É uma das minhas metas ir para Tóquio-2020, mas não penso muito lá na frente. Deixo rolar. Não fico me colocando pressão, por ser a ‘prodígio’ – afirmou a surfista, eliminada na sexta-feira pela australiana Tyler Wright, atual campeã mundial, na segunda rodada, mas feliz com a experiência inédita.
“Tyler é uma das minhas maiores inspirações, assim como a Stephanie Gilmore e a Carissa Moore. Mas o meu maior ídolo de todos é o Ricardo dos Santos. Só tenho a agradecer por estar aqui – disse a jovem, que assegurou a classificação para o evento no dia de seu aniversário.
Outro que desperta a atenção dos torcedores é o paranaense Yago Dora, de 20 anos. Filho do técnico Leandro Dora, que comanda o veterano Adriano de Souza, o atleta surpreendeu o americano Kolohe Andino, número cinco do mundo, na segunda fase. Ele encara o havaiano John John Florence, líder do ranking, na terceira etapa, que foi interrompida após a quinta bateria.
“Gosto de dar aéreos. Acho que é a manobra mais radical e moderna que tem no surfe” declarou Yago.
Estreante na elite, o pernambucano Ian Gouveia também faz seu barulho nas ondas de Saquarema. Filho de Fabio Gouveia, uma das maiores referências do surfe nacional, o garoto de 24 anos se garantiu na elite ao terminar o WQS, divisão de acesso, entre os dez mais bem colocados em 2016.
Na estreia em Saquarema, ele foi o melhor de sua bateria e se classificou diretamente ao terceiro round. Na sexta-feira, não resistiu ao compatriota Adriano, que o venceu em uma dura disputa na terceira fase, por 15.67 a 12.33.
“O Ian está arrebentando desde a perna australiana. Mostrou muita coragem já no primeiro ano. Fiz uma bateria duríssima contra ele aqui. Sabia que poderia virar a qualquer instante. O mar está bem difícil” disse Mineirinho.
Além do campeão mundial de 2015, outros dois brasileiros se classificaram à quarta etapa. Gabriel Medina passou pelo australiano Bede Durbidge (14.30 a 13.86) e Wiggolly Dantas despachou o havaiano Sebastian Zietz (18.27 a 11.73).
Uma nova chamada da Liga Mundial de Surfe (WSL, em inglês) será feita neste sábado, às 6h45.
Miguel cai e brasileiros aguardam
Os brasileiros Jadson André e Caio Ibelli venceram suas baterias da repescagem na sexta-feira, mas não voltaram à água para a terceira rodada, pois a organização paralisou as baterias à espera de melhores ondas.
O primeiro derrotou o taitiano Michel Bourez por 11.00 a 10.27, e vai enfrentar o sul-africano Jordy Smith. Em seguida, Caio despachou o francês Joan Duru por 14.87 a 12.40. Ele encara o australiano Adrian Buchan, que derrotou Miguel. O líder das reclamações dos australianos sobre as ondas e a poluição no Rio de Janeiro nos últimos anos levou a melhor por 14.94 a 12.97.
O paulista Filipe Toledo, que já havia se classificado diretamente ao round 3, também não surfou. Ele espera o confronto contra o americano Kanoa Igarashi.