No primeiro mês em que vigoraram as novas regras do rotativo do cartão de crédito, os juros dessa modalidade caíram 67,8 pontos percentuais: de 490,3% ao ano, em março, para 422,5% ao ano, em abril. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (25) pelo Banco Central.
É a menor taxa desde outubro de 2015, quando os juros do cartão estavam em 399,97% ao ano.
No mês de abril, passaram a valer as mudanças nas regras do cartão de crédito. Elas preveem que o rotativo só poderá ser usado até o vencimento da fatura seguinte. Se na data do vencimento o cliente não tiver feito o pagamento total do valor da fatura, o restante terá que ser parcelado ou quitado.
A expectativa do governo federal é que as medidas façam com que os juros do cartão caiam pela metade do patamar registrado na época em que as novas regras entraram em vigor, ou seja, para cerca de 245% ao ano.
Mesmo com essa queda, a taxa de juros cobrada pelos bancos ainda seria muito elevada para padrões internacionais.
Já os juros do cheque especial, informou o BC, apresentou uma leve alta, passando de 328% ao ano, em março, para 328,3% ao ano, em abril – maior patamar desde janeiro (497,5% ao ano).
Categorias
Desde março, o Banco Central divide o crédito do cartão de crédito rotativo em duas categorias: regular, que são os clientes que pagam o valor mínimo da fatura dentro do prazo previsto; e não regular, que são os clientes que não pagam o valor mínimo da fatura até o prazo máximo previsto.
A taxa de juros do rotativo dos clientes regulares caiu de 431,1% ao ano em março para 296,1% ao ano em abril. Já os clientes não regulares tiveram taxas bem maiores: 528,7% em março e 524,5% em abril.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, a tendência é que a taxa de juros dos clientes regulares continue em queda. Na primeira semana de maio, essa taxa foi de 267,7%.
“O cliente que paga, pelo menos a taxa mínima, tem taxas menores do que os que não fazem nem esse pagamento”, afirmou.
Do saldo total de crédito de rotativo de pessoas físicas a maior parte se enquadra na categoria não regular. Do saldo de R$ 38,7 bilhões, R$ 22,5 bilhões são de não regular e R$ 16,2 bilhões são de regulares.
Juro bancário médio mantém queda
Os números do BC mostram ainda que o mês de abril manteve a tendência registrada em março e apresentou queda dos juros médios cobrados pelos bancos, tanto nos empréstimos a pessoas físicas quanto a empresas, nas operações com recursos livres (que excluem crédito imobiliário, rural e do BNDES).
Em abril, a taxa média de juros das operações com recursos livres para as pessoas físicas somou 68,1% ao ano, contra 72,7% ao ano em março. A taxa cobrada das empresas, por sua vez, recuou de 27,5% ao ano em março para 26,3% ao ano em abril.
A queda dos juros bancários acontece em momento de recuo da Selic, a taxa básica de juros da economia, fixada pelo Banco Central, que influencia a chamada “taxa de captação” dos bancos, ou seja, quanto eles pagam pelos recursos.
Na sua mais recente reunião, em abril, o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a Selic em 1 ponto percentual. Ela agora está em 11,25% ao ano.
Consignado e inadimplência
A concessão de crédito consignado às pessoas físicas, com recursos livres, apresentou um aumento de 19,9% no ano, até abril. No ano, até abril, a concessão de crédito para aquisição de veículos por pessoas físicas aumentou 17,2%.
Dados do Banco Central mostram que a taxa de inadimplência com recursos livres se manteve inalterada em abril, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas: 5,6% e 5,9%, respectivamente.
O chefe do Departamento Econômico do BC apontou que há indícios de recuperação do crédito às famílias. Entretanto, apontou ele, “o crédito às empresas ainda não mostra sinal de recuperação.”