A pressão alta é a origem de 40% dos infartos, 80% das ocorrências de AVC (acidente vascular cerebral) e 25% dos casos de insuficiência renal terminal, alerta o Dr. Luiz Bortolotto, diretor da Unidade Clínica de Hipertensão do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP). A prevenção, de acordo com ele, é a maneira mais segura de combater esse mal que acomete 30% da população adulta brasileira. As pessoas na faixa etária acima de 60 anos formam o grupo mais vulnerável: mais de 50% têm a doença. Nem os mais jovens estão seguros: 5% das crianças e adolescentes brasileiros são hipertensos.
E a situação só tende a piorar, se nada for feito. Segundo dados do Relatório de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde houve aumento nos casos de obesidade na população, que é um dos principais fatores de risco para a hipertensão. O excesso de peso no Brasil cresceu 26% nos últimos dez anos, passando de 42% em 2006 para 54% em 2016, com possível impacto no aumento da hipertensão, sobretudo entre os mais jovens.
Pressão arterial é medida em apenas 29% das consultas
O quadro é ainda mais grave porque a hipertensão é uma “inimiga silenciosa”: o doente não sente qualquer sintoma dela até que surja algo mais grave, como o infarto. “As pessoas acabam confundindo as manifestações mais comuns da hipertensão, como dor de cabeça, cansaço, tonturas e sangramento pelo nariz, a outros fatores que não a doença e acabam por não procurarem o médico para diagnóstico e tratamento”, explica o médico.
Embora a pressão alta não tenha cura, suas graves consequências podem ser evitadas, explica o médico do Incor. “Para isso é fundamental que, primeiro, os hipertensos conheçam sua condição e, segundo, mantenham-se em tratamento para o resto de suas vidas”. As campanhas de conscientização da população são importantes, na visão do especialista, exatamente porque auxiliam na identificação dos hipertensos e das pessoas que têm risco elevado para desenvolver a doença, no curto e médio prazo. “No Brasil, em apenas 29% das consultas médicas se faz a medição da pressão arterial do paciente”, diz Bortolotto.
Depois do diagnóstico feito por uma simples medição da pressão tem início outra luta que é a de buscar a adesão do paciente ao tratamento. Essa batalha também está longe de ser fácil. Somente 23% dos hipertensos controlam corretamente a pressão; 36% não fazem controle algum e 41% abandonam o tratamento logo depois da melhora inicial nos níveis de pressão arterial – “infelizmente esses pacientes confundem a hipertensão com uma doença aguda, como uma simples gripe, ou com um sintoma passageiro, como uma dor de cabeça”, lamenta o médico.

 

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