Há duas grandes vertentes que podem tornar nossa vida mais feliz – uma jorra no plano material; outra, no plano espiritual, nasce dentro do nosso ser, na dimensão infinita de nossas almas e de nossos corações. É a felicidade que brota do ato de perdoar e servir. A primeira vertente é composta de bens finitos, que duram enquanto durar nossa caminhada neste mundo; a segunda nos transporta para um patamar de realização que a primeira jamais conseguirá nos proporcionar.
Mesmo assim, a realização no plano material não pode ser descartada, apenas deve ser canalizada para que seu potencial abra caminho para voos mais altos. Nesse plano, junto aos anseios de felicidade, não podemos ignorar que o sofrimento, os desafios, as lutas, as doenças, as privações, as depressões e as carências materiais são inerentes à nossa condição de seres humanos, mas com a consciência de que fomos feitos para a felicidade, tanto nesta vida como na eternidade.
É natural que busquemos a felicidade em coisas materiais – numa boa educação e formação, em um emprego bem remunerado, em uma casa nova, num carro do ano, em uma viagem dos sonhos, em um celular ou computador de última geração. São ambições justas que, sem a marca do consumismo que ameaça esgotar os recursos naturais, alimentam a indústria e o comércio que garantem o desenvolvimento da comunidade, do país e do mundo.
Em um degrau acima, está a felicidade que cada um de nós tenta conquistar por meio de seus relacionamentos, seja em família, entre namorados, no trabalho, na escola, na universidade e, em especial, nas diversas comunidades religiosas que, pela fé, indicam caminhos a seguir. É nesses relacionamentos que cada pessoa, dependendo de seu caráter e dedicação, pode descobrir a dimensão maior da felicidade que brota de um ato de perdão e de serviço ao próximo.
“Ama teu próximo como a ti mesmo” e “Eu vim para servir, não para ser servido” foram, talvez, as duas frases mais importantes proferidas por Jesus Cristo há mais de dois mil anos. Marcaram o crescimento do mundo cristão e, apesar dos muitos erros cometidos ao longo da história, embasaram sua permanente preocupação com a construção de um mundo mais justo, onde todos tenham as mesmas oportunidades e direitos.
“A vida é uma sequência contínua de batalhas”, afirma o autor japonês Ryuho Okawa em “As Leis da Invencibilidade – Como desenvolver uma mente estratégica e gerencial” (IRH Press do Brasil). “Todas as decisões ou ações resultam em vitórias ou derrotas. A vida tem felicidades e infelicidades. As organizações e sociedades passam por fases boas e más. As nações enfrentam constantes mudanças, altos e baixos, períodos felizes e infelizes. De certo modo, são essas as batalhas da vida. As decisões cruciais que tomamos e as ações que empreendemos nos momentos decisivos têm desfechos que determinam nossa felicidade ou infelicidade”, diz Okawa.
E quais seriam esses momentos decisivos? Podem estar nos vários patamares do que seja uma vida feliz, mas, acima de tudo, estão no perdoar e no servir, na dimensão espiritual de nossas vidas. Se você ainda não experimentou, tente viver a experiência do perdão. Abrace o filho que o magoou. Peça desculpas por ofensas feitas no calor de uma discussão. Converse com o chefe de departamento que o ofendeu e não valorizou seu talento. Dê um beijo no namorado que traiu suas expectativas. O ser humano renasce quando, de forma incondicional, perdoa e pede perdão. E experimenta uma felicidade indescritível quando decide colocar sua vida a serviço dos outros.
Sinta o prazer de, com amor, levar um idoso de seu prédio ao médico ou um vizinho ao pronto-socorro; de ajudar o cego a atravessar a rua; de empurrar a cadeira de rodas de um portador de necessidades especiais por uma calçada esburacada; de dedicar duas horas dando atenção a um jovem angustiado e mergulhado em problemas; ou simplesmente de sorrir e dizer um obrigado ao porteiro, ao ascensorista, à faxineira, ao motorista do ônibus e para todos que encontrar.
É óbvio que não podemos esquecer de outras ações e compromissos exigidos pela vida em comunidade, na família e no trabalho. Mas são as pequenas ações, emolduradas em amor, que nos tornam fortes e alimentam nossa alma. Estejamos conscientes de que todo o esforço e, por vezes, sofrimentos exigidos no serviço ao próximo valem a pena. São alívio e satisfação profunda. Sofrer sem utilidade, sem a dimensão espiritual do servir, é duplo sofrimento, que gera desilusão e muitas vezes depressão. Experimente o quanto o perdão e a dedicação ao bem dos outros são fontes de perene felicidade.
*Gerente da editora IRH Press do Brasil (www.irhpress.com.br)