Embora a dificuldade política e econômica que estamos vivendo possa dificultar previsões e planejamentos, são exatamente nestes momentos de crise que a visão de longo prazo se torna mais importante, tanto na iniciativa privada quanto na pública.

Já faz alguns anos que o mundo discute como o avanço da tecnologia pode trazer mais qualidade de vida para os cidadãos que vivem nas cidades. Temos uma cultura de pouco planejamento e quando feito sempre com visão de poucos anos à frente, e quando ousamos planejar com mais longo prazo, raramente o planejado se torna realizado.
Mas mesmo com orçamentos restritos e limitados, a tecnologia e criatividade podem beneficiar e trazer resultados positivos sob a ótica econômica, além de trazer um aumento significativo na qualidade de vida em nossas cidades.
A globalização tem trazido um novo conceito, no sentido de uma maior valorização para as cidades. Nas decisões sobre investimentos das grandes empresas, as disputas e escolhas estão deixando de ser por países e passando a ser por cidades, portanto, é necessário tornar as nossas cidades competitivas social e economicamente.
Exemplos não faltam e o benchmarking pode e deve ser o caminho para encontrarmos soluções e inovações que nos beneficiem, países mais populosos, como China e Índia, são os que mais estão vivendo o forte processo de urbanização com necessidade de adequar suas cidades para receber milhões de novos cidadãos diariamente.
Cada qual com sua realidade e dificuldade econômica tem buscado construir soluções para esse crescimento que nossas cidades passaram na segunda metade do século passado.
O atendimento da saúde, muitas vezes de problemas simples, poderia ser feito online com apoio de computadores e internet, evitando ou diminuindo filas enormes e atrasos que trazem desconforto e uma enorme perda econômica para as pessoas e empresas.
A área de educação, onde a iniciativa privada já faz muito bem a distância poderia ser incentivada e gradativamente implantada em alguns casos, possibilitando e ampliando o acesso ao conhecimento.
A mobilidade urbana, que nos tira horas de lazer ou descanso, pode ser otimizada com ideias inovadoras, diminuindo os tempos de deslocamento e muitas vezes o evitando.
Para que ocorra o uso inteligente das máquinas nas cidades, se faz necessário, obrigatoriamente, uma visão moderna de planejamento urbano e zoneamento que permita otimizar o uso do solo.
Nossos planejamentos urbanos, cada vez mais judicializados e, portanto, inseguros, têm uma visão obsoleta que poucas vezes permite a ocupação e uso do solo buscando trazer mais qualidade de vida para a cidade.
O planejamento integrado e vocacionado já deveria estar na etapa de integração das regiões metropolitanas para que estivéssemos discutindo as macrometrópoles, mas infelizmente não conseguimos ainda nem mesmo discutir com as cidades limítrofes aos nossos municípios.
Temos muito a aprender e a fazer, observando o mundo e as principais cidades que estão dando certo e se reinventando. Exemplos positivos não faltam, se quisermos construir um grande país, precisamos de grandes e modernas cidades. Com a experiência dos mais velhos, mas com a ousadia dos mais novos. Mantendo com conservadorismo nossas raízes e histórias, mas permitindo que a inovação e o planejamento moderno traga e beneficie nossas cidades e cidadãos.

*Presidente do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP)