Existem modelos de empresas que são autogeridas, ou seja, colaboradores que trabalham sem gerentes, sem supervisão e muitas vezes sem divisão de tarefas. Exemplos destes são empresas que trabalham com inovação e criatividade como publicitários, profissionais da área da tecnologia da informação, entre outros. No entanto, ainda há muitas empresas que aplicarão os modelos conhecido de distribuição de responsabilidade e de poder.
Neste último temos o famigerado “organograma”, onde, o nível de informação entregue sobre a empresa a cada profissional e a capacidade de discernir sobre o que é certo ou errado dentro da empresa qualifica cada colaborador para cargos operacionais ou gerenciais. Além disso, estes cargos devem ter suas tarefas bem definidas para evitar que um colaborador se responsabilize pela tarefa do outro.
Veja bem, estamos falando de responsabilidade e não de colaboração. Sabemos que na rotina da empresa há muitos momentos que um precisa colaborar com o outro para que os desafios sejam superados. Muitas vezes, é necessário que se ajudem nas tarefas. No entanto, isto deve ser exceção e não rotina.
A solução e as mudanças nestes casos começam de cima para baixo, ou seja, pela diretoria, seguindo para os gerentes e depois colaboradores em nível operacional. A consciência do que precisa ser mudado e o empenho para que haja mudanças de velhos hábitos vem dos diretores e gerentes. Estes serão exemplo daquilo que esperam de seus colaboradores.
Depois que diretores e gerentes incorporarem as mudanças e orientarem os colaboradores, reuniões de alinhamento deverão ser feitas para manter os resultados conquistados inicialmente. Neste ponto surge o grande desafio: a tentação do diretor dar ordens diretas aos subordinados à gerência constituída. Trata-se de um efeito colateral de uma doença conhecida como “multigerencia”, ou seja, mais de uma pessoa dando ordens para o mesmo colaborador.
Essa situação deixa qualquer colaborador desmotivado, gera retrabalho, enfraquece a credibilidade da empresa, causa transtornos, mal-entendidos e prejuízos no relacionamento com cliente e fornecedores. Empresas com níveis diferenciados de responsabilidade e poder precisam – e muito – dos organogramas. Colocar cada um “no seu quadrado”, entregar poder e responsabilidade para os gerentes e colaboradores e, evitar a multigerencia na empresa são desafios que devem ser superados com sentimento de colaboração, organização e foco em resultados.

* É consultor de empresas, CRA: 6-003457, professor executivo/colunista da FGV/ABS (FGV / América Business School) de Presidente Prudente