Um iceberg de um trilhão de toneladas, um dos maiores já registrados, se desprendeu de uma plataforma de gelo gigantesca na Antártica, anunciaram nesta quarta-feira (12) os cientistas da Universidade de Swansea, no Reino Unido.

Em um comunicado, os especialistas em estudos antárticos da universidade indicaram que o desprendimento ocorreu entre 10 e 12 de julho, quando o iceberg — de 5.800 quilômetros quadradados — se separou da plataforma Larsen C do continente branco.

“Ele pode permanecer inteiro, mas é mais provável que se quebre em fragmentos. Parte do gelo pode permanecer na área por décadas, enquanto outras partes podem seguir para o norte, para águas mais quentes”, disse Adrian Luckman, professor da Universidade de Swansea e principal pesquisador do projeto MIDAS, que vem monitorando a plataforma de gelo há vários anos.

Riscos

 

Os blocos de gelo que partirem rumo ao oceano podem derreter, o que contribuiria para elevar o nível do mar. A presença do gelo solto no oceano também aumenta risco para navios. Apesar de a região estar longe de grandes rotas comerciais, ela faz parte do roteiro de cruzeiros que visitam a região a partir da América do Sul.

Segundo os pesquisadores, é possível que o aquecimento global tenha contribuído para a aceleração da ruptura, porém não há evidências científicas concretas que possam provar essa teoria. A fenda vem se formando há vários anos, mas o processo se acelerou recentemente.

 

 

Entenda

 

Larsen C é a maior plataforma de gelo no norte da Antártica. As plataformas de gelo são as porções da Antártica onde a camada de gelo está sobre o oceano e não sobre a terra.

Segundo cientistas, o descolamento do iceberg pode deixar toda a plataforma Larsen C vulnerável a uma ruptura futura. A plataforma tem espessura de 350 m e está localizada na ponta oeste da Antártica, impedindo a dissipação do gelo.

Os pesquisadores vêm acompanhando a rachadura na Larsen C há muitos anos. Recentemente, porém, eles passaram a observá-la mais atentamente por causa de rupturas das plataformas de gelo Larsen A, em 1995, e Larsen B, em 2002.

No ano passado, cientistas afirmaram que a rachadura na Larsen C estava aumentando rapidamente. Mas, em dezembro, o ritmo aumentou a patamares nunca antes vistos, avançando 18 km em duas semanas.

 

Foto de arquivo fornecida pela Nasa mostra fenda se formando no gelo da plataforma Larsen C (Foto: NASA/Handout via REUTERS/File )

Foto de arquivo fornecida pela Nasa mostra fenda se formando no gelo da plataforma Larsen C (Foto: NASA/Handout via REUTERS/File )