Esta semana resolvi compartilhar um texto extraído do artigo produzido por Gerson Borges e publicado na internet (www.ultimato.com.br). Entendo ser um texto muito pertinente ao momento em que vivemos. Leia e reflita.
O homem é um destruidor. Até constrói, é claro. Mas somos mais competentes em usar a marreta do que a colher de pedreiro. Destruímos coisas, ideias, pessoas, até palavras. Sim, palavras também podem ser destruídas. Veja o exemplo de “política”. Era tão bonita! Queria dizer “cuidar da cidade, o trato da Polis”. Virou essas ruínas que se lê nos jornais fazendo cara de asco. (…)
“Igreja” é outra que agoniza no monturo semântico pós-tudo. Igreja não é oriunda do léxico religioso. Ekklesia era como se chamavam por volta do primeiro século no mundo greco-romano (e judaico, por tabela e imposição cultural) as assembleias dos homens livres, reunidos às portas das cidades para deliberar e exercer justiça e juízo. Homens julgando homens, exorcizando a barbárie. Pondo o dedo na ferida moral. Era a essa Igreja que Jesus de Nazaré, no registro de Mateus (capítulo 18.15-17) recomendava alguém, um falso irmão, que lesava de modo cínico e sem arrependimento um irmão ou vizinho. Deveria ser desmascarado como “publicano e pecador”. O Mestre até doutrina quanto à lisura e o rito do processo, com base no Deuteronômio: duas ou três testemunhas fidedignas eram exigidas (Dt 19.15).
Mas o que quer dizer “igreja” hoje? Façam uma enquete nas ruas. Do velho equívoco do “prédio religioso” à “ empresa de exploração religiosa”. Daí para cima. Aliás, para baixo: reduto de mercenários, conchavo de charlatões, quadrilha de perversos, meio de enriquecimento, fábrica de malucos. Dá medo o que brota do (in) consciente coletivo e do (não) senso comum. (…)
Mas eu creio na Igreja de Cristo! Para cada imitação barata (ou cara, bem cara), centenas, milhares de congregações de discípulos e aprendizes do Cristo, gente que se reúne para amar a Deus, servir uns aos outros e à sociedade, reconhecer num carpinteiro humilde da Galileia o Deus vivo, Criador e Redentor do universo. (…)
Na igreja autêntica, sobretudo, adora-se ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó, um Deus que se revelou na História. Que se tornou carne e sangue e entrou na nossa escravidão para nos redimir em Cristo, pela sua morte na cruz. O Deus da igreja de verdade não é a falsa e profana trindade: dinheiro, poder e prazer. O Deus da igreja de verdade é o Deus Trino da Graça: Pai, Filho e Espírito Santo.
*Educador e pastor na Comunidade de Jesus em São Bernardo do Campo (SP).