Enquanto um bilhão de pessoas passam fome, o mundo desperdiça 1,3 bilhão de toneladas de comida a cada doze meses. Isso equivale a US$ 940 bilhões por ano. É uma tragédia e uma falta de caridade. Bastaria um terço desse volume desperdiçado para amainar a fome no mundo.
Os mais ricos são os que mais desperdiçam. Mas os pobres também. Nos Estados Unidos, 40% dos alimentos são jogados fora. A rede Refed – Rethink Food Waste apurou que o desperdício atinge US$ 218 bilhões por ano, ou seja, 1,3% do PIB. Para dar uma ideia: são 18% da terra cultivada, 19% do uso de fertilizantes e 21% da água utilizada na agricultura.
Nos países emergentes, há também essa calamidade. América Latina joga fora 15% e a África 22% de tudo o que produz. A perda é maior no início da cadeia alimentar, etapas da produção agropecuária, manuseio e armazenagem.
Como reduzir esse descalabro? Aumentar a eficiência da colheita, melhor planejamento da cadeia de suprimentos, mais investimento em infraestrutura, principalmente estradas e armazéns, incluindo ampliação da cadeia fria, embalagens mais adequadas, acesso aos mercados, ampliar a doação de alimentos que não foram comercializados, fornecer alternativas para preparo integral de alimentos, reduzir o tamanho das porções vendidas, entre outras propostas formuladas por Marcos Sawaya Jank, especialista em questões globais do agronegócio.
O Brasil tanto desperdiça na fase inicial como copia os ricos ao jogar fora a comida já manipulada. Precisamos de mais movimentos como o “Save Food Brasil”, da FAO, que reúne instituições e empresas em torno de projetos para combater o desperdício alimentar. O “Mesa Brasil”, do SESC, uma rede de 220 Bancos de Alimentos públicos e privados, que distribuem alimentos de qualidade preservada para entidades assistenciais.
Mas a verdadeira revolução começa em casa e a partir da consciência de cada qual. Colocar no prato somente aquilo que se vai comer. É má educação deixar alimento no prato. Temos de reduzir a porção de comida boa que vai para o lixo e pensar nas crianças que morrem a cada minuto por desnutrição.
*Secretário da Educação do Estado de São Paulo