Tem gente capaz de jurar que a dor provocada por pedras nos rins é pior do que as contrações do parto. Seja como for, trata-se de uma situação difícil de enfrentar e que é melhor prevenir. De acordo com o médico urologista Arnaldo Cividanes, diretor técnico do Hospital SAHA – especializado em cirurgias eletivas e procedimentos minimamente invasivos – o que causa uma dor de forte intensidade é justamente a passagem desses depósitos pelo ureter, canal que transporta a urina do rim à bexiga. “Geralmente, esses cálculos se formam quando a urina está muito concentrada, promovendo a cristalização de minerais e sais. Em casos mais simples, prescrevemos medicamento para controle de dor e orientamos o paciente a beber bastante água até que possa expelir a pedra. Mas há casos em que o cálculo obstrui o canal urinário, podendo causar infecção e outras complicações. Quando isso acontece, o único tratamento é o cirúrgico”.
Cividanes diz que a prevenção de ‘pedra nos rins’ passa por uma mudança no estilo de vida e destaca três dicas importantes:
1. Beber bastante água ao longo do dia, todos os dias. “Principalmente quem já tem histórico de pedras nos rins deve levar essa recomendação a sério, ingerindo diariamente pelo menos um copo americano de água a cada três horas. Vale ressaltar que não estamos indicando apenas a ingestão de líquidos, mas de água. Ingerir dois litros de refrigerante por dia, por exemplo, não só não resolveria o problema como causaria outros tantos à saúde no médio e longo prazos. O ideal é prestar atenção na coloração da urina – que precisa estar bastante clara e limpa”.
2. Reduzir a ingestão de carne vermelha e sal. “De modo geral, os adultos não precisam ingerir mais de duas ou três porções de carne magra ao longo da semana. O ideal é começar a substituir carne vermelha por branca e, na sequência, substituir a carne branca por mais legumes e verduras. A quantidade de sal, no preparo dos alimentos, também deve ser reduzida – lembrando que comidas prontas e industrializadas contêm uma quantidade de sal e outras substâncias conservantes que podem prejudicar o bom funcionamento dos rins”.
3. Evitar alimentos ricos em oxalato de cálcio. “Embora sejam aparentemente saudáveis, alguns alimentos contêm grande quantidade de oxalato de cálcio, que facilita a formação de cálculos renais. Sendo assim, é bom reduzir o consumo de espinafre, beterraba, batata doce, salsinha, pimenta, nozes e amendoim. Também o cacau em pó e, por extensão, os achocolatados e chocolates devem ser evitados”.
O urologista recomenda buscar ajuda médica em caso de: dor intensa nas costas ou na lateral do corpo; dor que irradia para o abdome inferior e virilha; dor que surge em ondas e varia de intensidade; dor ao urinar; urina de coloração rosa, avermelhada ou marrom; urina com cheiro forte e persistente; sensação de urgência para urinar; urinar com frequência mais alta do que o normal; urinar em pequenas quantidades. Ainda pode haver náuseas, vômitos, febre e calafrios juntamente com os sintomas citados. “Antes de dar início ao tratamento, o especialista deverá requisitar exame de sangue, de urina, e, inclusive, exames de imagem (ultrassom e tomografia) para diagnosticar a presença de cálculo renal no trato urinário. Dados clínicos e resultados de exames indicarão a necessidade ou não de um tratamento cirúrgico. Vale ressaltar que é bastante comum encaminhar o cálculo expelido para análise”.
Cividanes diz que a formação de cálculos urinários se deve a múltiplos fatores: metabólicos, genético-familiares e ambientais, entre outros, sendo que nem sempre a investigação laboratorial existente obtém sucesso na prevenção ou diminuição do aparecimento de novos cálculos.