Machado de Assis fundou a Academia Brasileira de Letras, o órgão linguístico e literário máximo do Brasil 
 Ele foi um dos maiores personagens da nossa história. De presença marcante na literatura brasileira também foi fundador da Academia Brasileira de Letras.

O leitor sabe de quem estou falando? De Joaquim Maria Machado de Assis, que nasceu no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839 e faleceu aos 69 anos na mesma cidade, no dia 29 de setembro de 1908, portanto, há 109 anos. Foi romancista, contista, poeta e teatrólogo brasileiro e é considerado um dos mais importantes nomes da literatura nacional. 
  
É considerado um dos criadores da crônica, no país, além de importante tradutor, pois verteu para o português obras como Os trabalhadores do mar, de Victor Hugo e o poema O corvo, de Edgar Allan Poe. Sua vasta obra inclui também a crítica literária. 
  
Aquele que se tornou um dos maiores escritores do Brasil e um mestre da língua era filho de operário mestiço de negro e português, pintor de paredes e descendente de escravos alforriados, o senhor Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina, lavadeira portuguesa da Ilha de São Miguel. Ainda criança perdeu a mãe e foi criado pela madrasta Maria Inês, também mulata, que se dedicou ao menino e o matriculou em escola pública. 
  
Machado de Assis, que era canhoto, passou a infância na chácara de D. Maria José Barroso Pereira, viúva do senador Bento Barroso Pereira, na Ladeira Nova do Livramento, onde sua família morava como agregada, no Rio de Janeiro. Sempre apresentou problemas de saúde, era frágil, epilético e gago. Sabe-se pouco de sua infância e início da juventude. 
  
Em Janeiro de 1855, aos 16 anos, teve o seu primeiro trabalho literário editado, o poema Ela, na revista “Marmota Fluminense”, de Francisco de Paula Brito, que acolhia novos talentos na época, e fez de Machado de Assis seu colaborador efetivo. 
  
Suas obras, entre elas, Ressurreição, A mão e a luva, Helena, Iaiá Garcia, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó, Memorial de Aires são reconhecidas internacionalmente e estudadas por renomados críticos de países americanos e europeus. 
  
O romance, Memórias póstumas de Brás Cubas foi publicado originalmente como um folhetim, em 1880, em capítulos, na Revista Brasileira. Em 1881, saiu em livro causando espanto à crítica da época, que se perguntava se o livro tratava-se de fato de um romance, pois a obra era extremamente ousada do ponto de vista formal, surpreendendo o público até então acostumado à tradicional fórmula romântica. É narrada pelo defunto Brás Cubas, que escreve a própria biografia a partir do túmulo (sendo, portanto, segundo o próprio, não um autor-defunto, mas o primeiro defunto-autor da história, que é caracterizado por ter morrido e depois escrito, diferente do outro que foi escritor e depois morreu). Começa suas memórias com uma dedicatória que antecipa o humor negro e a ironia presente em todo o livro: “Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico com saudosa lembrança estas memórias póstumas.” Brás Cubas também expressa esse humor negro quando diz que a obra foi escrita “com a pena da galhofa e a tinta da melancolia”, no “Ao leitor”. Frase final de Memórias póstumas de Brás Cubas: “Não tive filhos não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria.” 
  
Em 20 de julho de 1897, Machado de Assis fundou a Academia Brasileira de Letras que é o órgão linguístico e literário máximo do Brasil, tendo sido aclamado o seu primeiro presidente e exercido o cargo por 11 anos, até 1908, quando veio a falecer, sendo então substituído por Ruy Barbosa. 
  
Atualmente, toda a obra de Machado de Assis é de domínio público, por ter expirado o correspondente direito de autoria em 1978, quando completou 70 anos do falecimento do autor. Decorridos 109 anos, desde a sua morte, no momento que estou referenciando o homem Machado de Assis convido os queridos amigos leitores a conhecer um pouco mais do trabalho literário deixado por esse que é considerado um dos maiores escritores brasileiros. Finalizo a minha homenagem transcrevendo uma de suas célebres frases: 
  
“Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento.” 
  
*Escritor