Hoje em dia, com o passar dos anos, acho que estou mais atento ao sofrimento e à tristeza que me rodeiam do que antes. Suponho que minha situação não é tão diferente da sua.
Ultimamente temos visto muitos suicídios aqui em minha cidade. Também vemos muita gente morrendo vítimas do câncer. Muitos estão perecendo por causa dos vícios. Quantos assassinatos, roubos, estupros… quantas pessoas com suas histórias marcadas pela dor, perda e tristeza! Histórias como essas estão acontecendo frequentemente e em todos os lugares. Às vezes sofremos; outras vezes temos que assistir pessoas que amamos sofrerem.
Em 1940, CS Lewis escreveu o livro “O Problema do Sofrimento”. A resposta de Lewis para o motivo de um Deus bom e todo-poderoso permitir que suas criaturas sofram é que “Deus sussurra em nossos ouvidos por meio de nosso prazer, fala-nos mediante nossa consciência, mas clama em alta voz por intermédio de nossa dor; este é seu megafone para despertar o homem surdo.”
O próprio Jesus, crucificado e perto da morte, deu voz à pergunta que muitas pessoas fazem em meio à dor: “Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?”A pergunta de Jesus, como a nossa, não foi respondida no momento. Mesmo Ele enfrentou a dúvida. Mas sua incerteza não era evidência de infidelidade; era um sinal de sua humanidade. Como Jó, temos que admitir as limitações do conhecimento humano quando se trata de dar sentido ao sofrimento.
Qual a resposta que o cristianismo pode nos dar aos nossos questionamentos em meio às dificuldades e à dor?A resposta, penso eu, é o consolo que vem da certeza de ser parte de uma comunidade cristã – pessoas que caminham ao nosso lado enquanto andamos em tristeza, oferecendo não apenas piedade, mas ternura e graça, encorajamento e empatia e, quando necessário, o socorro. Uma comunidade cristã saudável deve ser caracterizada pelo amor, compaixão e altruísmo.
Há grande consolo na convicção de que somos parte de um drama que se desenrola com um santo propósito. Posso não ter uma idéia de qual é esse propósito, mas eu acredito que toda história tem um autor, que os capítulos difíceis não precisam definir todo o enredo, e que mesmo as áreas mais despedaçadas de nossas vidas podem ser restauradas. Já vivi o bastante para saber que o sofrimento deixa marcas. Mas também vivi o bastante para saber que mesmo em meio à dor e sofrimento, ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, Deus está comigo e não deixou de me amar.
*Pastor presbiteriano