Ninguém duvida que hoje se faça uma única pesquisa, qualquer que seja, sem dar ao menos uma espiadinha no Google. Não tem nada errado nisso, pois essa é uma das grandes facilidades atuais. Mas isso tem os seus perigos e aqui serão listados quatro deles. Lógico que esses perigos também existiam antes da internet, mas com a net eles se acentuaram.
1: a qualidade das fontes. Na internet tem muita coisa e não necessariamente coisa boa. Muito do que tem lá não passou por nenhuma espécie de julgamento, então pode expressar somente a opinião de quem escreveu (como esse texto que você está lendo), pode estar desatualizado ou ser simplesmente ruim.
2: o plágio. De forma mais simplificada, a cópia. Segundo o dicionário, se diz que alguém plagiou quando se usa conceitos ou frases de outro autor e não fala quem é o real autor. Hoje é muito fácil selecionar com o mouse um trecho e usar o control-C para copiar e o control-V para colar. A atual geração tende a encarar isso como natural e muitos não acham que o que estão fazendo é errado. Mas é.
Suponha que seu professor peça um trabalho sobre a Segunda Guerra Mundial. Você leu um texto de um site, achou bacana e… control-C e control-V. Seu trabalho está pronto? De jeito nenhum.
Quem escreveu esse texto que você copiou pode ter feito horas de pesquisa para chegar naquilo. Logo, não é legal você em poucos segundos copiar e falar que é seu. Imagine o contrário então: você ralou bastante para fazer a pesquisa sobre a Segunda Guerra e um colega seu copia e fala que foi ele que fez. Acho que você não ia gostar, certo?
Mas e se eu citar de quem eu peguei o texto? Melhora, mas não necessariamente resolve o problema. O correto é você ler o texto que achou bacana e escrever do seu jeito, pois quando o professor pede um trabalho ele quer avaliar você e não avaliar se você sabe copiar textos. Muito menos ele quer avaliar quem colocou isso na internet.
Assim, cada frase, com seu sujeito, verbo e predicado, tem que ser sua. Não é para copiar absolutamente nada, a não ser que seja necessário e, nesse caso, há formas elegantes e corretas de fazê-lo. Por exemplo, como numa reportagem de jornal: o jornalista faz o texto dele, mas quando precisa coloca uma frase entre aspas e informa quem disse aquilo.
3: como é fácil copiar, é possível que se copie muita coisa sem ler. Dessa forma, além de não aprender, você corre o risco de copiar erros, informações incompletas ou coisas sem nenhuma relação com o seu trabalho. Por isso, muitos professores defendem que os trabalhos tenham que ser escritos a mão, para que pelo menos uma leitura, ainda que no momento da cópia, seja feita.
4: pode se perder o sentido do trabalho “em grupo”, pois com a internet, de casa, é forte a tentação de dividir o trabalho, cada um fazendo uma parte. Um trabalho em grupo tem sua função pedagógica, ou seja, faz parte do aprendizado compreender como se trabalha em equipe. Hoje em dia, o trabalho em equipe é uma habilidade tão necessária quanto você mostrar que é competente sozinho, papel que a tradicional prova faz (ou deveria fazer). Quando um professor pede um trabalho em grupo ele espera é que você e seus colegas de grupo se reunam, pesquisem e façam o trabalho. Juntos.
Para finalizar, duas dicas: 1) não exagere nas aspas, pois seu trabalho pode virar uma “colcha de retalhos”. Embora seja algo mais verdadeiro do que se os trechos estivessem sem aspas, no fundo continua um texto que não é exatamente seu e 2) nada de trocar algumas palavras, por exemplo “porém” por “entretanto”, só para tentar escapar de professores mais desconfiados. Hoje em dia, programas caçadores de plágio, que muitas escolas e universidades estão criando ou adotando, conseguem captar até isso.
Mesmo que ninguém detecte o plágio no seu trabalho, você não ganhou. Você pode até ter conseguido enganar o professor, mas não vai enganar a si mesmo. Pois, se antes você não sabia, agora você sabe que o que fez é errado.
*Professor da Unesp de Sorocaba (mancini@sorocaba.unesp.br )