Após deixar o colégio particular de Goiânia em que um aluno de 14 anos atirou contra colegas, o delegado Luiz Gonzaga Júnior informou na tarde desta sexta-feira (20) que a tragédia poderia ser ainda maior se uma coordenadora não interviesse, pois o atirador tinha mais munição. Dois alunos morreram, e outros quatro ficaram feridos.
“Ele ia matar todo mundo. Levou dois carregadores para a escola. Descarregou o primeiro, carregou o segundo, deu um tiro, mas foi abordado pela coordenadora. Ele pensou até em se matar, apontou a arma para a cabeça, mas ela o convenceu a travar a arma”, disse ao G1 o titular da Delegacia Estadual de Apuração de Atos Infracionais (Depai).
Os estudantes João Vitor Gomes e João Pedro Calembo, cujas idades ainda não foram divulgadas, morreram no local. Os outros quatro alunos feridos, sendo três meninas e um menino, estão internados em hospitais da capital.
Funcionários da escola levaram o autor dos disparos para a biblioteca para aguardar a chegada dos policiais. Ele foi apreendido e levado para a Depai, onde contou que atirou primeiro contra João Pedro porque ele fazia bullying com o suspeito.
“Ele pegou a arma, atirou contra o alvo, e, em seguida, disse que perdeu o controle e teve vontade de matar mais pessoas”, contou o delegado.
Filho de policiais militares, o adolescente atirou com uma pistola .40, que é de uso da PM. A arma pertence à mãe dele.
“O adolescente disse que ninguém o ensinou a atirar, ele aprendeu sozinho, mas não entrou em detalhes de como aprendeu”, disse o delegado.
O que se sabe até agora:
Sequência de fatos:
- Colegas relatam que ouviram um barulho.
- Em seguida, os alunos viram o adolescente tirando a arma da mochila e atirando
- Alunos correram para fora da sala de aula
- O aluno descarregou um cartucho, carregou o segundo e deu um tiro, mas foi convencido pela coordenadora a travar a arma
- Estudante foi levado para a biblioteca até a chegada dos policiais
Pânico
Uma estudante de 15 anos relatou que, quando ouviu o primeiro disparo, não imaginou que fosse um tiro.
“Pensei que eram balões estourando porque amanhã seria nossa feira de ciências. Depois, ouvimos o barulho novamente e alguém gritou ‘é tiro’. Aí começou o desespero”, contou.
“Ele saiu dando tiro em todo mundo da sala. Eu segurei na mão da minha amiga e fui até a polícia. Não sabia o que fazer”, disse ela.
Bullying
O coronel da Polícia Militar Anésio Barbosa da Cruz informou que o autor dos disparos era alvo de chacotas de colegas. “Informações preliminares dão conta que ele estaria sofrendo bullying, se revoltou contra isso, pegou a arma em casa e efetuou os disparos”, disse.
Um aluno de 15 anos, que estava na sala no momento do tiroteio, também contou que o adolescente era vítima de piadas maldosas.
“Ele sofria bullying, o pessoal chamava ele de fedorento, pois não usa desodorante. No intervalo da aula, ele sacou a arma da mochila e começou a atirar. Ele não escolheu alvo. Aí todo mundo saiu correndo”, relatou o estudante.
Outra colega do 8º ano do Ensino Fundamental contou que o colega já tinha feito ameaças.
“Ele lia livros satânicos, falava que ia matar alguns dos colegas. Um dos garotos que foi morto falava que ele fedia e chegou a levar um desodorante para sala”, contou.
O G1 entrou em contato, às 12h50, por telefone, com o Colégio Goyases e foi informado pela coordenadora que toda a equipe está “consternada” e que a administração da escola não irá se manifestar por enquanto.