O que estamos vivendo em nosso País, e não é de agora, demonstra aos que têm olhos para ver e cabeça para pensar, que o Brasil desde sempre foi tomado de assalto por corporações que têm o poder de fazer com que a população brasileira, mesmo sendo vítima destas mesmas corporações, ainda imagine que delas recebem benefícios.
Já mencionei em outro artigo o tamanho do custo que essas corporações impõem aos mais simples cidadãos: o dever de pagar tributos para sustentá-las, assim como comentei que esses valores deveriam ser revertidos em melhorias nas áreas de educação, saúde, transporte e segurança, mas não são e isso não provoca a real indignação que deveria.
Vejamos então quem são essas corporações: governo federal, governos estaduais, prefeituras municipais, congresso nacional, assembleias legislativas e câmara de vereadores, todas as instâncias da Justiça, partidos políticos, centrais sindicais e sindicatos.
Todos estes atores que deveriam ter como principal foco trabalhar pela melhoria da vida da população, que deveriam buscar tornar sustentável o ambiente empresarial, estão mais preocupados em conseguir vantagens para si e para seus aliados. Quando vemos algum político legislar por algo que poderia ser entendido como sendo em favor da sociedade ou de empresas, na maioria das vezes descobrimos interesses espúrios por trás.
Da mesma forma, assistimos muitas vezes nos últimos tempos decisões contraditórias e vergonhosas de alguns magistrados, envolvimento em situações dúbias, possível recebimento de benesses, justamente as pessoas que deveriam servir de exemplo à sociedade.
Na observação dos escândalos sucessivos, que não aconteceram e não acontecem apenas agora, o que se verifica é que as corporações criam processos burocráticos que, para serem superados por aqueles que precisam trabalhar ou produzir, exigem que sejam obrigados a se acertarem com os que lideram e manobram as corporações.
Está aí o início do processo de corrupção que vai desde tirar a carteira de habilitação ou de retirar os pontos das multas de trânsito acumulados que são pequenos crimes e, por incrível que pareça, com a participação de todos nós. Quem já não viu publicidade de escritórios especializados em oferecer “romper contratos assinados, limpar os pontos das multas de trânsito etc.”
É por meio desta visão que nós podemos perceber que desde o setor empresarial, assim como o trabalhador e o cidadão comum têm que sustentar de uma forma legal através de impostos e tributos e de uma forma não legal, que é essa corrupção deslavada que consome todas as energias do povo brasileiro.
Para não nos alongarmos demasiadamente vejamos um exemplo simples que identifica todo o comportamento dos predadores da nação: por que uma empresa privada consegue superar a corrupção interna? A resposta é porque aqueles que estão na sua gestão se não apresentarem resultados que permitam o crescimento dessa empresa perdem seus empregos ou no caso dos acionistas perdem o investimento que fizeram numa companhia que vai à falência.
No caso das companhias pertencentes ao Estado, as chamadas empresas públicas, elas nunca vão a falência porque não têm quem delas cobre eficiência e toda vez que elas dão prejuízo o Estado, através dos tributos e impostos cobrados de todos os brasileiros, não deixa a empresa quebrar. Os maiores exemplos são a Petrobras, os fundos de pensões das estatais, dentre outros.
Além disso, o código de ética, o chamado Compliance, que toda corporação precisa ter e todos os funcionários seguirem, parece só funcionar nas instituições privadas. Fica a impressão de que os executivos e funcionários das empresas públicas não se ruborizam em receber qualquer tipo de vantagem ou benefício, mesmo depois de tantos escândalos como os que vivemos no País, desde que a operação Lava Jato começou.
Nem tudo é má notícia. Estão surgindo algumas importantes reações em setores da Polícia Federal, de procuradores de Justiça e de juízes que se interessam por um País melhor e alguns dos prevaricadores, sejam do setor público ou empresarial, começam a sentir o peso da mão da boa conduta e da justiça.
*Empresário