Uma turista espanhola, identificada como Maria Esperanza Ruiz Jimenes, de 67 anos, morreu após ser baleada na Rocinha, nesta segunda-feira (23), em mais uma manhã de tiroteios na comunidade. Por meio de nota, a Polícia Militar informou que o carro no qual ela estava furou um bloqueio feito pelos policiais e, por isso, os PMs fizeram disparos contra o veículo. O motorista disse que não notou a barreira policial ou qualquer tiroteio.
A PM informou que só constatou se tratar de uma turista após abordar o carro. A Corregedoria da corporação está apurando o caso. A Secretaria de Estado e Segurança diz que lamenta a morte que acompanha a apuração dos fatos junto à Corregedoria da Polícia Militar e à Divisão de Homicídios da Polícia Civil, que investiga o caso.
Maria Esperanza foi atingida no pescoço e chegou a ser socorrida, mas morreu antes de chegar ao Hospital Miguel Couto, na Gávea, também na Zona Sul. Ela estava acompanhada do cunhado e do irmão.
Os dois foram ouvidos informalmente no hospital e disseram que não foram avisados da situação de risco da Rocinha nas últimas semanas (entenda abaixo). A polícia vai investigar se a empresa de turismo tem responsabilidade.
Além da espanhola, dois policiais militares e um criminoso foram baleados em uma troca de tiros na área chamada de 199.
Um dos PMs foi ferido na cabeça de raspão e outro no tórax. Um criminoso baleado também foi encontrado por agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade. Ele acabou reconhecido por agentes do Batalhão de Choque como um dos envolvidos na troca de tiros.
Os policiais apreenderam uma pistola, uma submetralhadora e outros armamentos.
Há mais de um mês, a Rocinha vive uma rotina confrontos. Os tiroteios se intensificaram com a disputa entre traficantes. O bando de Rogério Avelino, o Rogério 157, e o do seu antigo chefe, Antônio Bonfim, o Nem, disputam o controle do tráfico de drogas.
Depois de dias de intensa troca de tiros, as Forças Armadas foram chamadas para cercar a comunidade, junto com tropas policiais. Rogério 157 e a maior parte de seus comparsas fugiram, utilizando a mata atrás da Rocinha. Segundo investigadores, o chefe do tráfico deixou o esconderijo na garupa da moto do funkeiro MC Tikão, preso no domingo.
Desde então, tiroteios são rotina na comunidade e também em outras favelas do Rio – locais para onde pode ter fugido Rogério 157 e outros traficantes. Nesta segunda, o prefeito Marcelo Crivella pediu a volta das Forças Armadas à Rocinha.